A rede de roupas masculina Colombo fechou um acordo extrajudicial para alongar sua dívida de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Ao conseguir reunir 60% dos credores – o que torna a adesão obrigatória para os demais 40% –, a empresa conseguirá evitar um pedido de recuperação judicial. Além de alongar o perfil da dívida, incluindo a parcela dos débitos que já vencida, a companhia também ganhará nova gestão.
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O banco Brasil Plural, que capitaneou a negociação dos débitos da Colombo com o escritório de advocacia Felsberg Advogados, vai assumir a companhia, apontando executivos para a presidência e para as diretorias do negócio. A instituição, que já está trabalhando na companhia há cerca de um ano, poderá transformar parte de sua remuneração pela “virada” do negócio em participação na Colombo.
Nos últimos meses, a Colombo já vem passando por uma reestruturação, que deverá se intensificar com a mudança de gestão. Há um ano, a empresa tinha 434 lojas, total que já foi reduzido para 380. Segundo Warley Pimentel, sócio do Brasil Plural, este número deverá ser reduzido ainda mais nos próximos meses. “Vamos fazer ainda mais reduções de despesas, incluindo lojas de baixa performance.”
Segundo o executivo, apesar de a empresa ainda gerar caixa, o total não é suficiente para manter a estrutura de capital do negócio, que incluía dívidas caras e com um alto porcentual de vencimento no curto prazo. A dívida, que cresceu em uma época de expansão de negócios, está distribuída em todos os principais bancos comerciais do Brasil. “Ao firmar o acordo, o desafio da empresa passou a ser de gestão, e não mais de estrutura de capital”, diz Pimentel.
Embora a crise tenha atingido o varejo como um todo, analistas de varejo afirmam que empresas que focam em produtos mais populares, como a Colombo, têm sentido uma retração mais intensa neste momento, o que representa um desafio para o trabalho do Brasil Plural à frente do negócio.
Além das dificuldades de mercado, a empresa teve problemas específicos de operação. Segundo Pimentel, as unidades chegaram a ficar desabastecidas, prejudicando ainda mais o resultado. Em seu auge, em 2014, a Colombo chegou a faturar R$ 800 milhões. Hoje, segundo o executivo do Brasil Plural, as vendas anuais estão próximas de R$ 500 milhões.
Empresa familiar em atividade há quase um século, a Lojas Colombo não deverá mudar radicalmente de foco, mesmo após a mudança da gestão. A varejista, que vende vários produtos a menos de R$ 50, continuará a focar nas classes C e D. Hoje, cerca de 50% das mercadorias vendidas nas unidades vêm da China, patamar que deverá ser mantido. A companhia, porém, terá espaços nas unidades dedicadas a roupas femininas e também deverá investir mais em e-commerce.
Novos sócios
Com a homologação da negociação das dívidas, a estrutura societária da varejista deve mudar. Hoje, a família de fundadores ainda detém a totalidade do negócio. Ao aceitarem a renegociação, os credores poderão transformar as dívidas em debêntures, bônus conversíveis em ações ou em participação societária direta.
Garnero ainda pode entrar no capital da Lojas Colombo
O investidor Mário Garnero - conhecido como dono do banco Brasilinvest - ainda pode entrar no capital da Lojas Colombo, de acordo com o sócio do Brasil Plural, Warley Pimentel. Ao contrário do que foi publicado pela imprensa no ano passado, o empresário ainda não adquiriu uma parcela da companhia.
Pimentel explica que Garnero deverá começar a fazer um “road show” internacional no mês que vem para captar um investimento de US$ 144 milhões (ou aproximadamente R$ 500 milhões) no negócio. Mesmo que a captação atinja o “teto”, ainda não está definido a fatia da empresa que ela garantiria.
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