A estrutura dos impostos de importação no Brasil revela disparidades entre os diferentes setores. Quando se considera o grau de proteção efetiva – cálculo feito a partir das tarifas de importação sobre um bem final e também sobre os insumos necessários para a produção desse item –, há uma elevada proteção a dois segmentos em particular: automóveis (127,2%) e caminhões e ônibus (132,7%), para uma média de 26,3%. Do outro lado, há setores com baixa proteção, como extração mineral, vegetal, da agricultura e bens intermediários.
O quadro está presente no estudo “A estrutura recente de proteção nominal e efetiva no Brasil”, feito pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da UFRJ, a pedido da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O trabalho aponta que, em 2014, o grau de proteção efetiva média da economia brasileira era de 26,3%. A taxa se mantém em torno de 25% nos últimos 15 anos. A média, no entanto, esconde situações muito distantes. No caso de automóveis, camionetas e utilitários, a taxa era de 127,2%. Em caminhões e ônibus, a proteção efetiva era de 132,7%. Em minério de ferro, por exemplo, essa taxa é de 1,6%. No caso de agricultura, silvicultura e exploração florestal, o grau é de 3,9%.
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Leia a matéria completa“Nossa proteção nominal e efetiva tem se mantido estável, de forma agregada, desde a reforma tarifária de 1991. Só que por um lado há setores muito protegidos, e por outro há bens intermediários com tarifas próximas dos bens finais. Isso encarece a produção de bens finais e reduz a proteção”, explica a professora do Grupo de Indústria e Competitividade e coordenadora do estudo, Marta Reis Castilho.
“Colcha de retalhos”
Na avaliação do economista-chefe do (Iedi), Rogério César de Souza, a estrutura tributária “é uma colcha de retalhos”. Segundo ele, as mudanças feitas nos últimos anos criaram muitas exceções e não foram usadas para a criação de uma política industrial
É essa falta de política que pode ajudar a explicar um grau de proteção efetiva que ele admite ser alto. “Minha impressão é que a proteção efetiva no Brasil é alta. Quando se olha a tarifa nominal, estudos do Banco Mundial já apontaram que o Brasil se destaca, junto com países africanos”, afirma o economista Edmar Bacha, um dos formuladores dos planos Cruzado e Real e que, em 2013, sugeriu a abertura do mercado.
Mais do que apenas o nível de proteção efetiva e a disparidade entre os setores, Bacha condena os elevados impostos de importação exatamente para o setor automobilístico. “Na verdade, protege-se a ineficiência de um setor que só consegue exportar para a Argentina”, diz.
Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que não tinha porta-voz disponível no fim de semana para comentar os impostos da indústria automobilística.
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