O presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, sugeriu mais flexibilidade para países que tenham recebido programas de suporte financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem mencionar o caso da Grécia, Carstens defendeu que países debilitados não deveriam ser punidos por metas fracassadas, desde que mostrem comprometimento. "Quando programas são desenhados em uma crise, existe muita incerteza, e o fundo precisa ser flexível ao reconhecer medidas que não estão funcionando tão bem quanto o esperado e encontrar uma nova solução", disse em entrevista à agência de notícias Dow Jones.
Carstens é o principal concorrente da ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, para a direção do FMI. Ele visitará o Brasil amanhã, como parte de uma série de visitas internacionais para obter apoio para sua candidatura. Ele já esteve em Lisboa e Madri nesta semana. Depois de visitar o Brasil, o mexicano deverá viajar para Argentina, Canadá, Índia, China e Japão nas próximas semanas.
Segundo Carstens, o FMI precisa de alguém de um mercado emergente com experiência em lidar com crises financeiras. Economias emergentes da Ásia e da África têm dado suporte para uma ruptura da tradição de manter um europeu na direção do FMI, mas os europeus rapidamente se uniram em apoio a Christine.
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, afirmou hoje que a administração das instituições globais precisa ser "atualizada conforme as realidades contemporâneas". Pravin Gordhan, ministro de Finanças da África do Sul, por sua vez, destacou que a discussão é sobre a "mudança de um processo de nomeação para a liderança de certas instituições para um processo mais democrático".
"Praticamente todos os países que não são europeus estão apoiando a ideia de que o candidato ao cargo deve ser escolhido por mérito, e não pela origem", disse Carstens. O mexicano discordou do argumento de Christine de que seria vantajoso ter alguém com conhecimento dos problemas políticos europeus durante a crise de dívida soberana. "Eu discordo totalmente da ideia de que o FMI precisa de um europeu", disse. "O FMI precisa de uma pessoa com experiência em lidar com crises, que tenha um histórico financeiro sólido, e precisa de alguém da América Latina", acrescentou.
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