Em greve há seis dias, funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) do Paraná pedem agora a renúncia dos dirigentes da empresa. No fim da manhã desta terça-feira (22), os grevistas realizaram um enterro simbólico do presidente nacional dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e do diretor estadual da empresa no Paraná, Itamar Ribeiro. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), o motivo é a intransigência dos diretores na negociação com os funcionários.
A manifestação começou por volta das 11 horas, com uma passeata que saiu da Praça Santos Andrade em direção à Boca Maldita, no Centro, seguindo pelo calçadão da Rua XV de Novembro. O grupo, estimado pelos organizadores em 500 pessoas, levou caixões e bonecos representando os dirigentes da empresa em um cortejo fúnebre. Na Boca Maldita, em frente a uma agência dos Correios, foi realizado o velório e o enterro simbólico, que foi realizado por volta do meio-dia.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da empresa informou que não comentará o protesto. A greve dos trabalhadores, motivada principalmente por pedido de reajuste salarial, começou no dia 16 e, segundo a empresa, atinge 40% dos 6,3 mil funcionários lotados no Paraná, a maioria no setor de distribuição. De acordo com estimativa da ECT, cerca de 1,5 milhão de correspondências já deixaram de ser entregues no estado em função da greve.
O Sintcom-PR realiza uma assembleia dos trabalhadores na tarde desta terça-feira em Curitiba para avaliar a greve e planejar novas manifestações. A reunião deve ocorrer entre 16 e 17 horas, mas o horário ainda não estava confirmado até o fim desta manhã.
Impasse
Na segunda-feira (21) o Tribunal Superior do Trabalho (TST) concedeu liminar aos Correios sobre a ação impetrada na sexta-feira (18). O órgão determinou que 30% dos funcionários de cada setor continuem trabalhando. Se a determinação não for cumprida, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) terá que pagar multa diária de R$ 50 mil.
Uma audiência de conciliação no TST está agendada para as 9h30 da próxima quinta-feira (24), em Brasília. De acordo com a assessoria dos Correios, não deve haver nova proposta e a empresa deverá levar a proposta apresentada na quinta-feira (17) para a mesa de negociações. Os Correios ofereceram proposta de reajuste salarial de 9%, a partir de 1º agosto, e aumento linear de R$ 100, a partir de janeiro de 2010. A proposta apresentada pela empresa valeria para dois anos (de 1º de agosto de 2009 até 31 de julho de 2011). No entanto, foi rejeitada na assembleia dos trabalhadores.
Reivindicação
Os trabalhadores dos Correios reivindicam um índice bem diferente de reposição salarial 41,03%, que corresponderia a perdas ocorridas desde agosto de 1994. Outros pedidos são de aumento linear de R$ 300 no piso salarial da categoria, que é de R$ 640, além de segurança armada e portas giratórias nas agências e redução da jornada de trabalho. Vinte e seis sindicatos rejeitaram a proposta da empresa de reajuste de 9%, válido por dois anos, e um adicional de R$ 100 sobre o piso.