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A cartilha "Redução da Jornada de Trabalho – Mitos e Verdades", publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o objetivo de apresentar argumentos contrários à proposta de emenda constitucional, traz informações incorretas sobre o limite máximo de horas trabalhadas ao redor do mundo. Para mostrar a tese de que os países avançados têm jornadas legais mais longas, a publicação apresenta uma tabela atribuída à Organização Internacional do Trabalho (OIT). O problema é que sete dos países que compõem o quadro estão com um número de horas trabalhadas superior àquele que realmente têm, distorcendo o efeito comparativo do estudo.

No levantamento oficial da OIT, disponível no banco de dados do organismo na internet, Holanda e República Tcheca têm o limite semanal de 40 horas de trabalho, mas na publicação da CNI a jornada dos dois países é de 48 horas. Canadá, China, Coreia do Sul e Chile também tiveram suas jornadas "ampliadas" pela confederação, de 40 para 44 horas.

Já Alemanha, Dinamarca e Reino Unido, que não possuem esse limite estabelecido por lei – ele é definido nos acordos trabalhistas –, aparecem com jornadas de 48 horas semanais. Na prática, a média de horas trabalhadas nesses três países gira em torno de 30 horas semanais, de acordo com um levantamento da revista britânica The Economist. Além disso, os Estados Unidos não constam do levantamento da CNI. Os americanos trabalham em média 40 horas semanais, segundo a OIT.

A assessoria de imprensa da CNI não soube explicar as causas da imprecisão nas informações da cartilha, uma vez que o erro ainda não havia sido detectado. A entidade diz que vai avaliar os fatos antes de se pronunciar.

Em um estudo publicado em 2007, em comemoração ao centenário da primeira norma de trabalho internacional sobre jornada, a OIT estimou que 600 milhões de pessoas – isto é, um em cada cinco trabalhadores ativos em todo o mundo – têm uma carga de horários semanal acima de 48 horas. Com isso, o levantamento apontou que 22% da força de trabalho mundial tem jornada de duração "excessiva". "As jornadas de menor duração têm efeitos positivos, incluindo benefícios para a saúde e a vida familiar, a redução de acidentes no local de trabalho, assim como maior produtividade e igualdade entre os sexos", dizia o relatório.

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