A China encerrou mais de três anos de embargo aos Valemax, os meganavios da Vale com capacidade para 400 mil toneladas, e permitirá que eles atraquem em alguns portos do país. A possibilidade de a mineradora brasileira conseguir levar seus carregamentos diretamente à China, a maior consumidora de minério de ferro do mundo e compradora de cerca da metade da produção da Vale, vai ajudar a companhia a reduzir o custo com frete. Segundo especialistas, o custo poderá cair em até US$ 6 por tonelada, notícia muito bem vinda no ciclo de baixa dos preços do minério.
Quatro portos na China poderão receber esses navios – Qingdao, Dalian, Tangshan Caofeidian e Ningbo – depois que eles atenderem alguns requisitos técnicos, informou nesta sexta-feira (4) a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China. “A notícia de abertura de alguns portos da China para os VLOCs (Very Large Ore Carriers) da Vale é reconfortante, embora já antecipado pelos observadores do mercado”, afirmam, em relatório, os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro, do BTG Pactual.
Sinal
O primeiro sinal de que os portos da China poderiam se abrir aos Valemax ocorreu em setembro do ano passado, momento em que foi anunciado acordo firmado com a China Ocean Shipping Company (Cosco).
O acordo envolveu quatro navios, com capacidade de 400 mil toneladas, que atualmente pertencem e são operados pela brasileira, e agora serão transferidos para a Cosco e afretados para a Vale em contrato de longo prazo, de 25 anos. A estatal chinesa Cosco foi quem liderou, no início de 2012, um lobby para impedir os Valemax, que são os maiores em operação no mundo, de atracar na China. A explicação dada na época era de que esses supernavios significavam “monopólio e concorrência desleal”.
Custos
A liberação vem ao encontro dos esforços da companhia brasileira de reduzir custos para enfrentar os preços comprimidos de seu produto principal. O preço do minério de ferro caiu 3% na última sexta-feira (4), em relação ao dia anterior, no mercado à vista chinês, indo para US$ 54,1 a tonelada seca. No acumulado da semana a queda chega a 11%.
Nos últimos doze meses, o menor preço foi registrado no dia 2 de abril de 2015, quando estava cotado em US$ 46,7 a tonelada. Já o valor mais alto desse período foi anotado em 15 de julho do ano passado, quando a tonelada da matéria-prima estava sendo negociada em US$ 98.