A China ultrapassou a Argentina e já é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2008, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) do País com a China chegou a US$ 36,443 bilhões, um aumento de 56% em relação ao resultado do ano anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nesse mesmo período, o comércio com a Argentina somou US$ 30,863 bilhões, com crescimento de 24 %. Já as trocas com os Estados Unidos aumentaram 21%, para US$ 53,049 bilhões.
Entre os três principais parceiros, a China é o único que exportou mais do que importou no intercâmbio comercial com o Brasil em 2008. O déficit comercial com a China chegou a US$ 3 636 bilhões, ante um resultado também negativo de US$ 1,872 bilhões em 2007. Nos seis anos anteriores, o saldo havia sido favorável ao Brasil.
Mas o que preocupa os empresários brasileiros é o desequilíbrio no conteúdo da corrente de comércio entre os dois países. "Exportamos matéria-prima aos chineses e importamos deles produtos acabados, como calçados, têxteis e máquinas, possivelmente feitos com a mesma matéria-prima que vendemos", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Não por acaso, o principal responsável pela deterioração do saldo do País com a China foi o resultado negativo da indústria de transformação, cujo déficit foi de US$ 18 bilhões em 2008, valor que superou em 58% o do ano anterior (US$ 11,3 bilhões). A exportação de manufaturados brasileiros ao gigante asiático não passou de US$ 1,1 bilhão.
"A fatia dos manufaturados, que em 2000 representavam 19% da nossa pauta de exportação para a China, já caiu para 6%", conta o executivo da AEB. "Em contrapartida, a participação das commodities subiu de 68% para 78%". Em 2008, o País vendeu US$ 12,7 bilhões em produtos básicos para a China.
Segundo ele, os empresários veem com preocupação o avanço chinês na pauta de importações brasileira. No mês passado, o Brasil importou US$ 1,348 bilhão em produtos chineses, o que representou queda de 8,1% em relação ao US$ 1,537 bilhão de janeiro de 2007. Mesmo assim, a participação desses produtos nas importações totais do País aumentou de 12,4%, em janeiro do ano passado, para 13,1%, agora. A explicação é simples: a importação de produtos de outros países teve uma queda ainda maior que a dos chineses, de 12,6%.A queda das vendas chinesas aos mercados americano e europeu, que estão em recessão, só fez crescer a preocupação dos empresários.