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Desde o fim do ano passado, a equipe econômica vinha fazendo um ajuste com o objetivo de manter o grau de investimento brasileiro. A estratégia esbarrou na dificuldade em se aprovarem medidas no Congresso e se cortarem gastos públicos. Uma agência, a Standard & Poor’s, resolveu que não esperaria por novas medidas para avaliar a nota brasileira. Agora, o país terá de trabalhar para recuperar a confiança do mercado. Em cinco questões, tentamos explicar o que está acontecendo e como isso mexe com a vida do brasileiro.

Para que serve a nota de crédito?

O rating, ou nota de crédito, é usado no mercado para classificar a qualidade de títulos emitidos por governos ou empresas. Quando mais alta a nota, maior a confiança de que a dívida será paga e menor a taxa de juros paga pelo emissor. Além disso, a classificação das agências de risco divide as notas entre as com grau de investimento e as com grau especulativo. Muitos fundos de investimento só podem aplicar recursos em títulos com grau de investimento. Por isso, perder esse “selo” pode aumentar ainda mais os juros.

Por que a nota do Brasil foi rebaixada?

As agências de risco olham para um conjunto de indicadores na hora de decidir a nota de crédito de um país. Entre eles a relação dívida/PIB, a trajetória do endividamento o comportamento do crescimento econômico. O Brasil entrou em um ciclo de dívida em alta (beirando hoje os 70% do PIB), déficit público elevado (perto de 9% do PIB anualizado) e retração econômica. Com a crise política, que dificulta a aprovação de medidas de ajuste, o cenário ficou ainda mais complicado. Foi o suficiente para a Standard & Poor’s entender que Brasil não merece mais o grau de investimento. Outras duas agências, Moody’s e Fitch, ainda mantêm o grau.

Quem é mais afetado pela perda do grau de investimento?

Há dois efeitos diretos da redução do rating. O Brasil passa a pagar mais para emitir títulos no exterior, em moeda estrangeira, que são uma fonte importante de financiamento externo. O efeito sobre as taxas de juros internas é mais limitado. Em outra frente, todas as empresas brasileiras passam a pagar mais para emitir títulos e captar recursos no exterior. A nota de crédito do país em moeda estrangeira é também a nota de referência para a maioria das empresas. Como só uma agência rebaixou o país, esse efeito ainda é limitado.

Há alguma consequência para o cidadão comum?

O rebaixamento manda para o mercado uma mensagem ruim e pode deixar os mercados ainda mais nervosos. O dólar pode subir mais no curto prazo e a Bolsa continua com uma pressão de baixa. Se o dólar subir muito, pode haver alguma pressão a mais sobre a inflação, o que exigiria juros altos por mais tempo. A retomada da confiança dos empresários também pode demorar mais a voltar, restringindo investimentos. Assim, há maior probabilidade de a economia continuar andando de lado por mais tempo.

Como o país pode retomar o grau de investimento?

O mais importante para as agências de crédito é o país demonstrar que tem uma política econômica para desinflar a dívida pública no médio prazo. Reformas que permitam reduzir o gasto público e melhorar o superávit primário são um primeiro passo. São necessários também ajustes para o crescimento econômico voltar, com maior liberalização de mercados e redução de barreiras para os negócios. Tudo isso depende de uma melhora no clima político.

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