O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, rejeitou a ideia de que o governo falhou ao não conseguir evitar que o Brasil perdesse o grau de investimento, e disse que chegou o momento de todos assumirem responsabilidade pelo ajuste fiscal, para evitar custos maiores para o país.
“Eu não acho que houve falha. Existe um problema difícil e um problema que só vai ser vencido se as pessoas olharem com responsabilidade”, disse o ministro em entrevista ao Jornal da Globo, da TV Globo, na madrugada de quinta-feira (10).
“A gente tem dado um diagnóstico verdadeiro, transparente e agora as pessoas têm que tomar as suas responsabilidades, em todos os níveis.”
Na quarta-feira (9), a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota brasileira para BB+, retirando do país o selo de bom pagador. O corte na nota veio 10 dias após o governo apresentar uma proposta orçamentária para o próximo ano com um déficit de R$ 30,5 bilhões, diante da dificuldades em aprovar medidas para reequilibrar as contas e da queda da arrecadação.
O rebaixamento , segundo Levy, “é apenas uma avaliação se a gente está olhando com seriedade para isso”. Se a sociedade, o Congresso, o governo estão entendendo a seriedade de ter equilíbrio fiscal , “necessário para o Brasil ter a confiança das pessoas”.
Levy enfatizou que onde o governo poderia cortar sem autorização do Congresso já cortou e que agora é preciso fazer escolhas, pois as despesas com aposentadorias, os programas sociais são determinados por leis, aprovadas pelo Congresso.
Levy disse que dentro de algumas semanas, após discussões com o Congresso, empresários e a população, o governo vai apresentar medidas para reequilibrar o orçamento do próximo ano.
“A gente vai ter que fazer escolhas. Qual vai ser exatamente o imposto, quanto vai ser, quanto vai ser exatamente o corte, a gente vai conversar... e depois dessas conversas a gente vai propor. Eu acho que nas próximas semanas o governo vai ter que fazer isso com muita clareza”, disse o ministro.
Levy também ressaltou a importância de o Congresso aprovar medidas que possam resultar em redução dos gastos do governo, como por exemplo com a Previdência.
“Se não aprova, a nossa dívida piora, o nosso crédito vai diminuir. O que aconteceu hoje (rebaixamento) vai diminuir o crédito para as empresas, vai diminuir o crédito para as pessoas. Então é preciso decidir, se a gente não tem coragem de decidir , você vai empurrando, empurrando, cada vez é mais caro de fazer.”