Pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela empresa LatinPanel mostra que o volume médio de consumo das famílias brasileiras deu um salto de 6% em 2005, ano em que o PIB não passou de 2,3%, mas muito dessa expansão foi obtido com aumento do endividamento. Esse crescimento, de acordo com a LatinPanel, foi ainda mais forte na classe C - que teve renda familiar média mensal de R$ 1,255 mil, mas gastos mensais de R$ 1,369 mil.
Considerando uma cesta com 70 categorias de produtos (entre alimentos, bebidas, higiene pessoal e limpeza doméstica), o volume de consumo médio no país cresceu 6% no país no ano passado, enquanto em termos de gasto médio a alta foi de 9%. Os consumidores da classe C superaram a média do país, com aumento de 7% no volume de consumo e de 10% no gasto médio.
Para sustentar esse padrão de consumo, até mais próximo das classes A e B, o consumidor do estrato C se endividou também além da média nacional das famílias. Os lares da classe C em 2005 gastaram mensalmente 8% a mais do que ganharam, enquanto a média das famílias no Brasil ficou no patamar de 3% de endividamento.
A pesquisa mostra ainda que a classe C está usando o crediário e as dívidas no cartão de crédito e cheque especial para comprar, cada vez mais, itens considerados não-básicos. Em 2004, esse consumidor destinou cerca de 33% de seus rendimentos para a compra de produtos como condicionadores, sucos prontos, molhos de tomate, salgadinhos e massas instantãneas. Esse percentual passou para 35% no ano passado.
"Apesar de ter renda mais próxima das classes D e E, o perfil de consumo da classe C se aproxima da A e B. Atualmente, o consumidor de classe C compra 42 das 45 categorias mais consumidas pela A e B", afirmou a diretora comercial da LatinPanel, Margareth Ikeda Utimura. Segundo ela, o consumidor de classe C é o consumidor "do às vezes". "Às vezes, ele experimenta um novo produto, mas a diferença para as classes com maior renda é que ele não consegue manter a frequência na compra", disse Margareth.
Cerca de 53% das compras de vestuário da classe C são feitas através do crediário. Esse percentual chega a 51% no caso dos eletrodomésticos, a 42% em móveis e a 30% nos supermercados. A pesquisa da LatinPanel foi feita ao longo do ano passado em municípios com mais de dez mil habitantes, cobrindo 82% da população domiciliar e 91% do potencial de consumo do país. Foram 45 milhões de domicílios pesquisados em todo o país, 33% dos classes de classe C.