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NEGÓCIOS

Clonagem de vacas, Viagra e biomassa: Eike Batista sonha com sua volta

Eike é acusado pelo Ministério Público Federal de fazer operações ilegais com ações da sua empresa de petróleo, atualmente falida, usando informações privilegiadas | Ricardo Moraes/Reuters
Eike é acusado pelo Ministério Público Federal de fazer operações ilegais com ações da sua empresa de petróleo, atualmente falida, usando informações privilegiadas (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

Enquanto aguarda o julgamento pelas supostas práticas de insider trading, o ex-bilionário Eike Batista está tramando seu retorno. Desta vez, não será para a área de petróleo ou minério de ferro. Eike, 59 anos, considera que negócios nas áreas de clonagem de animais, produção de um Viagra genérico que se dissolve embaixo da língua e exportação de biomassa para o Reino Unido possam levá-lo de volta ao topo, disse um assessor.

É o último capítulo na saga de uma das personalidades mais vivazes do Brasil, um empreendedor em série que já foi apelidado de “Midas” pelos jornais locais em referência ao monarca da mitologia grega cujo toque transformava tudo em ouro. Eike transformou um lucro de US$ 5 milhões, obtido com uma companhia mineradora quando ele tinha 23 anos, em um império de commodities, energia e logística de US$ 34,5 bilhões, mas acabou perdendo toda sua fortuna quando as companhias não atingiram suas metas de produção e não respeitaram prazos operacionais. Hoje, ele tem um patrimônio negativo em US$ 1,6 bilhão, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

“Ele está lambendo as feridas agora”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora em São Paulo. “A capacidade dele de levantar recursos é reduzida. Ele precisa conseguir fazer negócios que não dependam de alavancagem, o que é muito difícil”, completou.

Mesmo assim, Eike vai tentar, disse Roberto Hukai, que atua como consultor para os novos projetos do ex-bilionário. Hukai é consultor em energia, atua como professor de Energia da Universidade de São Paulo e anteriormente trabalhou para a Enron South America e a Toyota Tsusho Corp.

“Sua imagem como grande empreendedor é maior do que as coisas pelas quais ele está passando agora”, disse Hukai, em entrevista, em São Paulo.

Vendendo ideias

Eike é acusado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro de fazer operações ilegais com ações da sua empresa de petróleo, atualmente falida, usando informações privilegiadas. Ele nega as acusações.

Enquanto espera julgamento em casa, Eike está apresentando suas ideias de novos empreendimentos a investidores de private equity, disse Hukai.

Eike não quis ser entrevistado para esta matéria. Sua assessoria de imprensa confirmou que ele está trabalhando com Hukai em startups e disse que todas as ideias estão em fase de planejamento.

Como as ambições de Eike estão passando de negócios centrais a projetos de nicho, suas necessidades de financiamento também são muito mais modestas.

Eike, que acumulou bilhões de dólares com a venda de ações de suas companhias de petróleo e commodities, agora está tentando conseguir US$ 180 milhões para construir um parque eólico no Rio de Janeiro e US$ 250 milhões para um projeto de exportação de biomassa de cana-de-açúcar como insumo para usinas elétricas no Reino Unido, disse Hukai, que ganhará uma porcentagem dos lucros de qualquer companhia que Eike fundar.

Cachorros clonados

Luis Claudio Rubio, sócio da Vignis, confirmou que está discutindo o empreendimento com Eike. A empresa brasileira de biomassa está cultivando cana-de-açúcar rica em fibras que pode ser transformada em pílulas e queimada em usinas elétricas a carvão e termelétricas.

O ex-bilionário está negociando ainda com uma rede de igrejas a venda de painéis solares, disse Hukai. Eike também assinou um memorando de entendimento com Hwang Woo Suk, um cientista sul-coreano que pretende oferecer quatro cachorros clonados para que a Polícia Federal do Brasil utilize durante os Jogos Olímpicos. Eike quer montar um laboratório de clonagem de gado e animais raros usando a tecnologia desse cientista.

Uma das ideias mais avançadas para o retorno de Eike é um empreendimento para produzir medicamentos genéricos que se dissolvem embaixo da língua. Eike assinou um “acordo de desenvolvimento” com uma empresa farmacêutica com sede em Seul e está negociando com uma companhia de private equity da Ásia para investir em fábricas na Argentina e no Oriente Médio, disse Hukai.

Viciado em ideias

Eike mencionou algumas de suas novas ideias de negócios em uma entrevista ao jornal Valor que foi publicada no dia 17 de março.

“Negócios exóticos. É o que sobrou para ele”, disse Malu Gaspar, editora de negócios da revista Veja e autora do livro “Tudo ou Nada: Eike Batista e a Verdadeira História do Grupo X”, publicado em novembro. “Ele elevou à máxima potência este vício de vender planos que não se concretizam”.

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