Estamos na pior recessão desde que o Plano Collor confiscou a poupança dos brasileiros e causou um caos no sistema financeiro. É uma crise pior do que os efeitos de qualquer choque externo recente, pior mesmo do que quando o país precisou de resgates do Fundo Monetário Internacional (FMI) no fim dos anos 90 e início dos anos 2000. A queda da atividade tem sido contínua e a recuperação será também a mais lenta da história recente. Há gente falando em crescimento zero em 2016 e retração acima de 2% neste ano. Três anos perdidos de uma única vez.
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Podemos explicar esse cenário apenas com a história de que as contas públicas em desarranjo e a inflação em alta minaram a confiança e os investimentos? Ou com o fato de a indústria ter perdido competitividade? Não, a crise não é só econômica. É muito difícil traduzir em números o que um governo fraco, acuado por uma investigação de corrupção e sem capacidade de fazer as reformas de que o país precisa significa para a economia. Mas esse é um ingrediente que tem jogado o “fundo do poço” da recessão mais para a frente.
Em um mundo ideal, o governo recém-eleito teria força suficiente para fazer um ajuste rápido nas contas públicas. Ele teria agilidade para atrair investimentos para novos projetos e não se veria redigindo medidas provisórias paliativas (após levar uma surra no Congresso), como a que muda as regras da aposentadoria. Daria o sinal de que o novo curso é seguro e de que vale a pena investir no país. Tudo muito hipotético, neste momento. O fato é que o país terá de pagar caro para voltar a ter uma vida política normal. Se é que algum dia teve.
Copel
A Copel tem interesse em participar do próximo leilão de energia reserva, em que serão aceitos projetos de geração solar (fotovoltaica). Para isso, a companhia abriu um edital em busca de parceiros que tenham projetos licenciados e de preferência implantados em imóveis próprios. Além de critérios como a capacidade de geração, a empresa dará mais pontos para propostas em cidades com temperatura média anual igual o menor a 25°C. Uma explicação é que a tecnologia fotovoltaica tem seu desempenho afetado pelas altas temperaturas.
Arrecadação
O governo do estado vem fazendo propaganda dos efeitos positivos de seu ajuste fiscal, que já permitiria a retomada dos investimentos. Há um detalhe importante na história: quem está pagando a conta é o consumidor. Com o preço astronômico da energia elétrica (que é o setor que mais paga imposto no estado) e a elevação das alíquotas de ICMS, a receita com esse tributo subiu 12,5% no primeiro semestre do ano, segundo as informações publicadas no site da transparência estadual. Até junho, entraram R$ 11,7 bilhões no caixa do governo, R$ 1,3 bilhão a mais do que no mesmo período do ano passado.
Benefícios
Aos poucos, o aumento de impostos feito pelo governo do Paraná vai sendo furado por benefícios setoriais. Recentemente, foi reduzida a alíquota para ladrilhos e placas de cerâmica, além de tubos rígidos de polímeros de cloreto de vinila. O governo também retomou o benefício da suspensão do pagamento de ICMS nas importações de insumos para a indústria. Essa é uma nova redação de uma lei que foi considerada inconstitucional no início deste ano. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o crédito fiscal era ilegal. A nova redação pode levantar novos questionamento no STF.
Triunfo
Os dados operacionais do primeiro semestre da Triunfo Participações são um retrato de como a economia está andando de lado. Nas quatro concessões de pedágio da empresa com dados comparáveis, a queda no fluxo de veículos foi de 6,9%. Sinal de que há menos caminhões nas estradas. A movimentação de contêineres em seu porto em Santa Catarina caiu 10,4%, enquanto a de cargas no aeroporto de Viracopos, em Campinas, caiu 14,7%. A recessão, na prática, significa menos mercadorias sendo produzidas e circulando no país.