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Altos e baixos do pacote de logística

A divulgação do novo Programa de Investimento em Logística vai do fantasioso ao pragmático. O governo federal podia ter poupado R$ 40 bilhões da conta se não tivesse incluído uma ferrovia ligando o país ao Peru, atravessando a Amazônia (!). Tão viável hoje quanto o trem de alta velocidade prometido anos atrás.

Subindo na gradação, há o duvidoso. Na área de ferrovias, ficou mesmo só a Norte-Sul, com seu desafio eterno de ser finalizada. O problema ali é que deve haver uma mudança no modelo de concessão que ainda não foi detalhada. Não é certo que haja interesse de um operador pagar para explorar os trechos prontos e construir suas continuações. No setor portuário, há um imbróglio jurídico que envolve áreas já arrendadas e que serão retomadas pela União.

Há, no entanto, uma fatia ampla bastante pragmática. Renegociar contratos já existentes e antecipar a renovação de concessões em troca de investimentos, embora dependa da aceitação das empresas, é uma possibilidade concreta. Em ferrovias, há interesse já declarado das empresas. O governo também disse que vai leiloar antes os terminais portuários livres das brigas judiciais. As rodovias e aeroportos formam a parte mais fácil de conceder, dependendo apenas de uma redução do papel da Infraero nos aeroportos e da oferta de um retorno que convença investidores (o que deve ser anunciado quando os leilões se aproximarem).

Nas próximas semanas o governo terá de mostrar que aprendeu com os erros do pacote passado, que tropeçou na criação de projetos insustentáveis e em questionamentos do Tribunal de Contas da União. Aos poucos, voltamos para os modelos que funcionam.

Gás Natural

A ideia de construir um terminal de regaseificação de gás natural em Paranaguá ainda não está madura a ponto de entrar no radar da Empresa de Planejamento Energético (EPE), que faz os estudos do setor para o governo federal. A EPE calcula que haverá um aumento de 49% na oferta de gás, principalmente por causa da construção de três terminais novos, no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Sergipe. Há no Paraná uma ideia em gestação, que envolve Copel e Compagás, para a viabilização de um terminal em Paranaguá. O principal obstáculo pode ser a falta de demanda. Segundo a EPE, ela vai crescer 47% na próxima década, menos do que a oferta.

Ferroeste

Em reação à notícia de que o governo do estado colocará à venda a Ferroeste, a estatal que administra a ferrovia que liga Cascavel a Guarapuava divulgou seu novo plano de investir R$ 10 milhões para comprar cinco locomotivas e 399 vagões. Ela ainda não disse de onde vai sair o dinheiro, que não deve vir do combalido caixa do estado. O investimento é modesto. A Rumo ALL anunciou um plano para comprar 64 locomotivas por quase R$ 1 bilhão – cerca de R$ 15 milhões por máquina. Ou seja, todo o plano de investimento da Ferroeste não paga uma locomotiva nova da GE.

Inepar

Em recuperação judicial, a Inepar divulgou seu prejuízo em 2014: R$ 743 milhões. Foi quase o dobro dos R$ 400 milhões de 2013. A situação da empresa se complicou depois que a operação Lava Jato piorou seu fluxo de caixa, já que ela é uma grande fornecedora para o setor de óleo e gás. A companhia apresenta passivos de mais de R$ 3,7 bilhões e patrimônio líquido negativo em R$ 1 bilhão. Desde que foi decretada a recuperação judicial, a empresa passou a ser gerida por uma consultoria, que está estruturando uma saída para a empresa. As propostas englobam melhorias de gestão (com cortes de pessoal e unificação de estruturas administrativas) e reestruturação da dívida.

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