O cenário econômico do Brasil melhorou bastante nos últimos três meses. Pelo menos já se fala em queda na taxa de juros e crescimento pequeno no ano que vem. Essa melhora, no entanto, ainda não trouxe uma perspectiva de virada no mercado de trabalho.
Análises mais pessimistas viram o crescimento na taxa de desemprego, divulgada na sexta-feira (30) pelo IBGE, como uma confirmação de que entraremos em 2017 com quase 13 milhões de desempregados no país. A taxa estava em 11,8% no trimestre terminado em agosto, 0,6 ponto percentual acima do trimestre anterior. O indicador estava em 8,7% um ano antes. Em números absolutos, 2 milhões de brasileiros passaram a procurar emprego de agosto de 2015 para cá.
Para uma reversão nesse ritmo de crescimento, seria de fato necessário um período mais longo de melhora no ambiente de negócios. A confiança se recupera, mas ainda está longe daquele ponto em que sustenta o retorno do investimento – na verdade, a melhora que houve na confiança foi movida pela esperança de que as condições futuras estarão melhores, e não por causa das condições presentes.
Há alguns indicadores, porém, que dão esperança de um estancamento do desemprego nos próximos meses. O Caged de agosto, que traz o saldo dos empregos formais do país, mostrou o fechamento de 33,9 mil postos de trabalho. É negativo, mas melhor do que os 86 mil de um ano antes e os mais de 90 mil em junho e julho.
É claro que o Caged de um mês é influenciado por fatores sazonais, como contratações da indústria para atender a demanda de fim de ano. Só com uma sequência em setembro e outubro poderemos saber se é uma melhora pontual ou não.
A própria pesquisa do IBGE tem um indicador curioso. A renda média tem se mantido mais ou menos estável, apesar da piora no mercado de trabalho. A hipótese pessimista é que o efeito do desemprego sobre os salários nem começou e que ainda veremos uma piora grande até a renda se deteriorar com mais força. De forma mais otimista, é possível entender que muita gente tem tido condições de esperar por mais tempo até encontrar uma vaga que não represente uma perda muito grande de renda.
Em alta
A Opec chegou a um acordo para reduzir a produção global de petróleo, o que pode levar a uma alta de preços. Bom para petroleiras como a Petrobras, que sofreram com a queda do valor do barril.
Em baixa
O maior banco alemão passou a semana sob fogo de investidores após uma punição das autoridades americanas referente a irregularidades cometidas na crise do subprime.
Não há dúvidas de que o desemprego ainda vai crescer um tanto até chegar a seu ápice nesta crise. É possível que esse momento não esteja tão longe. Se os efeitos da melhora no cenário se fizerem mais fortes entre setembro e outubro (o que faz crer o Caged de agosto), poderemos ver o desemprego perto da estabilidade até o início de 2017, quando enfrentará a alta que sempre ocorre no início de cada ano. A sequência seria de uma recuperação bastante lenta na geração de vagas, mas possivelmente sem uma perda no rendimento médio.
O estrago da recessão sobre o mercado de trabalho foi gigantesco. O número de pessoas em busca de uma vaga dobrou nos últimos dois anos, atingindo os atuais 12 milhões de pessoas. Em um ou dois meses ficará mais claro até onde vai essa onda de piora no mercado de trabalho.
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