Passados dois meses de governo interino, a melhora na confiança da economia começa a mostrar seus primeiros efeitos. Um deles chama muito a atenção: a reação aos números. Há um ano, o anúncio de um orçamento com déficit de R$ 30 bilhões causou um alvoroço que desembocou na renúncia de Joaquim Levy, então ministro da Fazenda. O pacote de déficit consecutivo de R$ 170 bilhões neste ano e de R$ 139 bilhões no ano que vem não fez nenhum estrago na imagem da equipe econômica atual.
A escolha de Henrique Meirelles foi apostar que a melhora de percepção sobre o futuro da economia traria crédito suficiente para o governo acomodar o desarranjo das contas públicas sem se elevarem impostos imediatamente e sem um corte adicional nos gastos. Foi apresentada uma ideia de se impor um limite para o crescimento da despesa, que teria efeito de médio prazo. Outras reformas, diz-se, serão apresentadas aos poucos, após a confirmação do impeachment de Dilma Rousseff.
O gradualismo de Meirelles tem muito a ver com o estilo do presidente interino Michel Temer, que não suportaria a impopularidade da alta de impostos. Ele também não quer noticiar mais cortes de gastos. E assim a equipe econômica fica na torcida para que medidas incertas, como a repatriação de divisas e a venda da dívida ativa da União, façam algum caixa.
Em alta
O ânimo com a economia brasileira fez a Bovespa acumular uma série incomum de altas e encerrar a última semana no nível mais alto em mais de um ano.
Em baixa
A multinacional General Mills decidiu fechar duas fábricas no país que fabricavam produtos Yoki. A companhia é conhecida por marcas como Häagen-Dazs e Nature Valley.
O grande teste dessa dobradinha (a confiança depositada na equipe econômica e o gradualismo político de Temer) deve chegar depois das eleições municipais. Até ali saberemos se a economia realmente caminha para a normalização, se o governo tem de fato reformas para apresentar e se as contas públicas estarão no rumo para sair da UTI.
O maior risco é o governo ter de encarar novamente o dilema entre elevar impostos ou o déficit público. Isso ocorreria mais ou menos na mesma época em que o Banco Central avaliará a possibilidade de reduzir os juros. As duas saídas trariam seus danos.
Ao mesmo tempo, é possível que se chegue em outubro com os gastos dentro do déficit já previsto, concessões prontas para serem lançadas, um plano de privatizações melhor estruturado e projetos de reformas que darão segurança no longo prazo. Será o sinal para o mercado de que a hora dos juros caírem chegou e, com isso, de a economia sair da recessão.
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