Nesses dias de otimismo exacerbado pela possível queda do governo Dilma Rousseff, o Banco Central lançou uma das maiores ofensivas de sua história no mercado cambial. Ele vem oferecendo operações quase diárias e bilionárias para a compra virtual de dólares no mercado futuro. O BC não quer que o dólar fique abaixo de R$ 3,50.
Essa é uma oportunidade inesperada para o BC. Até o início de abril, a autoridade monetária estava sentada em um grande problema. Tinha mais de US$ 100 bilhões em swaps cambiais. Se comprometia a pagar a investidores caso o real perdesse valor. Com a piora do cenário político e econômico, era um risco bilionário.
O avanço do impeachment mudou o cenário e deu ao BC a chance de desmontar essa posição. Ele está oferecendo contratos em que se compromete pagar caso o real se valorize, simulando uma compra de dólares. Fazendo isso, consegue neutralizar sua exposição bilionária a swaps e, ao mesmo tempo, segura o dólar.
Há muito tempo o mercado cambial deixou de ser terra de idealistas do livre mercado. O escândalo recente em que os maiores bancos do mundo foram acusados de manipular moedas mostra bem que não existe preço certo em câmbio. Ao intervir, o Banco Central tenta conter uma valorização do real que viria em uma hora inadequada. Neste momento, exportar mais é a única saída da rápida para a recessão, e o câmbio acima de R$ 3,50 dá alguma competitividade às empresas brasileiras.
Em alta
Depois do acordo com os fundos abutres, a Argentina voltou ao mercado internacional de capitais. A primeira emissão foi de US$ 16,5 bilhões. Mas havia demanda para mais de US$ 70 bilhões.
Em Baixa
O escândalo das emissões de motores passou a envolver a Mitsubishi, que admitiu erro. A Daimler abriu investigação sobre o assunto e a PSA foi revistada pela polícia. Tudo em uma semana.
O BC errou quando elevou para mais de US$ 100 bilhões sua aposta para segurar a desvalorização do real entre 2013 e 2014. Isso criou um passivo nas contas públicas dos últimos dois anos e atrasou em alguns meses a chegada de um choque cambial que viria de qualquer maneira. Serviu apenas à reeleição de Dilma Rousseff.
Brafer
A fabricante de estruturas metálicas Brafer, que tem sede em Araucária, entrou em um novo ramo de negócios. Na última semana, a Braferpower, uma joint venture entre a Brafer e a CEEE Power, arrematou uma linha de transmissão de 150 km no último leilão promovido pela Aneel. A linha será construída entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e a concessão prevê uma receita anual permitida (RAP) de R$ 40,1 milhões. Com o negócio, a Brafer passará a construir torres de transmissão.
Granotec
A curitibana Granotec, especializada na produção de aditivos usados na indústria do trigo e panificação, viu sua receita pular de R$ 33 milhões em 2014 para R$ 45 milhões no ano passado, um salto de 36%. O lucro acompanhou o movimento, passando de R$ 9,3 milhões para R$ 14,8 milhões, alta de 6%. No momento, a empresa está terminando a construção de uma nova sede e fábrica, que entrará em operação em julho deste ano.
Santa Maria
A fabricante de papel e celulose Santa Maria, com sede em Guarapuava, chegou a uma receita de R$ 289 milhões no ano passado, alta de 11% em comparação com 2014. Apesar da alta no faturamento, a empresa teve uma reversão de resultado entre 2014 e 2015 – o prejuízo no último ano foi de R$ 26,4 milhões, contra um lucro de R$ 5,7 milhões no ano anterior.
* O texto foi modificado no dia 25 de abril para corrigir a informação publicada inicialmente de que houve um custo de R$ 40,1 milhões na concessão da linha de transmissão à Brafer. Na verdade, esse é o valor previsto de receita anual.
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