Você não precisa ter uma pós-graduação em Economia para cuidar do seu dinheiro, basta ter bom senso e, de vez em quando, usar uma calculadora. Mas entender a lógica por trás dos preços que todos nós pagamos ajuda um pouco.
Neste fim de semana passei por uma experiência interessante, que foi a de pesquisar preços de uniformes escolares. Meus filhos vão estudar neste ano em estabelecimentos diferentes, o que me fez ir a lojas distintas, cada uma delas com seu mix de colégios atendidos. Eram os mesmos fornecedores e os mesmos materiais em muitos deles, mas o preço variava bastante. Mesmos tecidos, sem nenhum bordado ou trabalhado especial: menos de R$ 30 no caso de escolas públicas e R$ 67 em escolas particulares caras. Jaquetas de moletom variavam de R$ 57 a R$ 122. Por que tanta diferença?
Uma das variáveis chave para a definição de um preço é o poder de compra do consumidor em potencial. E parece óbvio que a família de alunos de escolas particulares "classe A" tem mais capacidade para investir em uniformes que os estudantes dos outros estabelecimentos. E os comerciantes/fabricantes, que têm exclusividade sobre os uniformes de um grupo de escolas, em uma prática que se aproxima do monopólio, tiram proveito disso. É a velha regra da oferta e da demanda. Não há como fugir dela.
É uma pena que as regras de exclusividade na venda de uniformes façam tão mal a alguns comerciantes. A duas semanas do início das aulas, há material em falta e lojas que aceitam encomendas para entrega somente depois do começo do ano letivo. Não se prepararam para a procura que, certamente, teriam. Mesmo cobrando preços altos, são incapazes de atender os pedidos. O serviço é péssimo.
Em pequena escala, os uniformes escolares conseguem ensinar o pior de uma economia os males da falta de concorrência e do mau planejamento.
Inflação, de novo
Algumas descobertas relacionadas à inflação de 2013, desdobrando os dados divulgado no dia 10 pelo IBGE:
três produtos da cadeia do trigo farinha (20,7%), pão francês (20,4%) e macarrão (20,1%) estão entre as dez maiores altas do ano passado em Curitiba. Reflexo das dificuldades em importar da Argentina e da queda na produção do Rio Grande do Sul em 2013. Se não houverem providências para incentivar a produção nacional, algo semelhante pode ocorrer neste ano, conforme vem alertando o caderno Agronegócio aqui da Gazeta;
a influência da retirada parcial do incentivo tributário à indústria de móveis é bem clara. Com o aumento do IPI sobre o mobiliário, os preços subiram entre 20,3% (móveis para o quarto) e 23,7% (móveis para a sala);
preço de banana não devia ser mais sinônimo de preço baixo. No ano passado, a banana caturra foi o item que mais subiu entre os mais de 300 pesquisados pelo IBGE em Curitiba, 36,14%. Dava para trocar por preço de cebola o preço desta última caiu 22,74%, foi a segunda maior queda do ano, perdendo apenas para o óleo de soja (-23,84%);
está cada vez mais difícil conciliar o romantismo com o bolso. As flores naturais subiram 25,7%.
Ainda mais inflação
O leitor Antônio Carlos escreveu para tirar suas dúvidas sobre a meta de inflação, tema da coluna da semana passada. Só para ficar mais claro: tanto a inflação de 5,91%, registrada em 2013, quanto a de 6,01%, prevista para 2014 pelos bancos e consultorias ouvidos pelo banco Central no relatório Focus, estão dentro do intervalo aceitável pela resolução do Conselho Monetário Nacional. O CMN é quem define a meta para o IPCA, que, neste ano, vai de 2,5% a 6,5%.
Mesmo assim, a taxa é alta demais. Uma comparação com outras nações pode ajudar a entender a questão. Das dez maiores economias do mundo, apenas duas tiveram inflação maior que a brasileira em 2013: Rússia (6,5%) e Índia (11,08%). Se você acha que esses países devem servir de modelo para o Brasil, pode ficar contente com a inflação atual.
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