A bolsa de valores brasileira encerrou o ano de 2015 com 359 companhias listadas, com ações que valiam R$ 1,91 trilhão. Passados dez meses, o número de empresas caiu para 351 – o número mais baixo dos últimos dez anos –, mas o valor total da papelada negociada (que, em financês, é chamado de “capitalização bursátil”) subiu para R$ 2,65 trilhões. São R$ 742 bilhões em dinheiro criado em uma alta mais ou menos generalizada nas ações brasileiras, um aumento de 38,8%.
Para as empresas, o momento é interessante: no finzinho do mês passado, a empresa de medicina diagnóstica Alliar quebrou um jejum de 17 meses em termos de ofertas públicas iniciais. Isso ocorre justamente pela vitalidade que esse mercado voltou a demonstrar.
Sozinho, o índice Ibovespa (que é composto por uma carteira de 58 ações, emitidas por 55 empresas, que são as mais negociadas na bolsa) já subiu 46% ao longo deste ano. É uma notável recuperação. No ano passado, a queda havia sido de 13,3%. O patamar em que a bolsa operava ontem, na faixa dos 63 mil pontos, foi alcançado no mês passado; antes disso, era coisa nunca vista desde março e abril de 2012.
Quem vem tirando proveito dessa retomada são os investidores estrangeiros e os institucionais (fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensão, por exemplo). Na verdade, o número de investidores pessoa física ainda é o menor dos últimos oito anos – os dados disponíveis na plataforma de informações da BMFBovespa são de setembro, e apontam para 129.649 CPFs.
No início de 2010, o mercado estava equilibradinho: 31% dos investidores eram pessoas físicas, 29% eram investidores institucionais, 28% eram estrangeiros e o restante se dividia entre empresas e bancos. Na média de 2016, as pessoas físicas vêm respondendo por apenas 17% do volume, enquanto os gringos abocanham 52,5%. Nessa retomada da bolsa, foram eles que, de fato, ganharam dinheiro.
De olho nesses ganhos visíveis, há quem esteja ensaiando um desembarque (ou um retorno) a esse mercado. Isso é ótimo. Só vale recordar uma coisinha: que o pássaro que acorda cedo apanha a minhoca mais gorda. Quer dizer: quem apostava nesse mercado e manteve sua presença nele obteve os melhores ganhos na retomada. Embora haja espaço para muitas novas altas – afinal, temos anos de perdas a recuperar –, ninguém garante que o ritmo da subida será o mesmo. Pode ser mais, pode ser menos. Fique de olho.
Escreva!
Mande suas dúvidas e comentários para
financaspessoais@gazetadopovo.com.br