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A recessão acabou?

Como diria Lulu Santos (se fosse jornalista), as notícias vêm em ondas, como o mar. E, muitas vezes, fica difícil resistir à maré. Atualmente, o movimento das águas aponta para um cenário bonito, positivo para a economia. Correndo o risco de ser tachado de pessimista, gostaria de discordar.

Os dados de desemprego continuam apontando para cima. A arrecadação dos Estados, em geral, está apontando para baixo. O preço dos imóveis, segundo índice FipeZap (que monitora a variação em 20 cidades), apontou uma redução real de valores (ou seja, descontada a inflação) da ordem de 8% no mês passado na comparação com julho de 2015. A atividade econômica não deu mostras significativas de melhora – em maio, último dado disponível, caiu 0,5%.

O governo interino de Michel Temer não apontou nenhuma mudança de rota significativa e os balões de ensaio lançados até agora dificilmente resistirão à oposição quando levados ao Congresso – a ideia de impor 50 anos como data-limite para o cidadão sentir os efeitos de uma hipotética reforma da Previdência é assombrosamente arbitrária, é de surpreender que alguém tenha tido coragem de mencioná-la em voz alta.

O governo interino de Michel Temer não apontou nenhuma mudança de rota significativa e os balões de ensaio lançados até agora dificilmente resistirão à oposição quando levados ao Congresso.

A recessão ainda não acabou. O relatório Focus, do Banco Central, mostra que os analistas do mercado projetam para o PIB brasileiro um encolhimento de 3,24% neste ano ainda. Melhorias, só na metade do ano que vem. Se a política ajudar.

Polemizando os juros

O leitor Domingos escreveu comentando a coluna da semana passada, que tratava dos juros de cartão de crédito e cheque especial. O texto argumentava que os juros continuarão altos enquanto os brasileiros estiverem dispostos a pagar caro. Para Domingos, o colunista “erra quando pensa se tratar de opção do consumidor o financiamento pelo cartão. Ou é pura ignorância ou pura necessidade”.

Isso é um pouco delicado, Domingos. O fato é que o consumidor sempre tem a opção racional de gastar apenas o que tem. Cada compra parcelada, cada adiamento na quitação de uma parcela do cartão é, na verdade, uma operação feita com o dinheiro dos outros. Esses outros são os bancos, que cobram caro pela nossa imprevidência (creio que a necessidade de que o leitor fala é, na esmagadora maioria dos casos, resultado de imprevidência).

Minha opinião é que os bancos estão ganhando dinheiro com a imperícia e a imprudência com que muita gente dirige suas finanças pessoais, familiares e de suas empresas. E vão continuar ganhando até que a gente aprenda.

Escreva!

O Domingos mandou sua opinião, e o debate ficou interessante. Mande você também seu comentário ou dúvida! O e-mail é financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

O governo interino de Michel Temer não apontou nenhuma mudança de rota significativa e os balões de ensaio lançados até agora dificilmente resistirão à oposição quando levados ao Congresso.

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