Algumas empresas brasileiras têm sido marcadas pelo rótulo do envolvimento com a corrupção. É difícil escrever sobre isso sem citar, especificamente, a Petrobras, mas também é justo lembrar que ela não está sozinha e que empresas privadas – e de capital aberto, inclusive – estão até o pescoço nessa encrenca. O banco BTG Pactual vem sofrendo nas bolsas desde a prisão de seu principal executivo, André Esteves.
A operação Zelotes, que investiga o pagamento de propinas a pessoas ligadas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), arrolou um monte de gente graúda. André Gerdau, presidente da companhia que leva seu sobrenome, e Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, são os principais.
As empresas brasileiras deveriam estar mais atentas ao que ocorre no mundo. Internacionalmente, está consolidado entendimento (óbvio, é verdade) de que a corrupção só existe no setor público porque o setor privado está disposto a financiá-la. Há iniciativas globais de combate a ela, e diversos países têm leis com o objetivo de punir empresas locais que se envolvem com atos de corrupção no exterior. O cerco, portanto, está se fechando, e é natural que isso ocorra aqui também.
Quanto mais enfronhada em corrupção, mais arriscado se torna investir em uma empresa. Conforme escreveu o analista Luiz Augusto Pacheco, da empresa de investimentos Inva Capital, em um artigo que se referia a uma dessas companhias enroladas, a onipresente Petro: “Se você tivesse dinheiro parado na sua conta, investiria na Petrobras? Se você já investe, continuaria investindo? A resposta de um investidor racional é não. Agora cabe a você não deixar que suas emoções influenciem em seus investimentos”.
Curto prazo
O economista Malcolm S. Salter, professor da Escola de Negócios da universidade americana de Harvard, escreve que a visão de curto prazo é um convite à corrupção. Segundo ele, trata-se da busca por “atalhos” que ampliem o ganho e minimizem o tempo de colheita dos ganhos.
O Brasil, onde a visão de curto prazo tornou-se uma necessidade, dada a impossibilidade de prever o longo prazo (herança, em tempos recentes, da nossa hiperinflação, mas resultado de um histórico nacional de aproveitadores), torna-se importante olhar para isso.
Salter escreve: “O resultado inevitável [da visão de ganhos no curto prazo e da corrupção dela decorrente] é uma reduzida confiança pública nas nossas principais instituições de negócios, e persistentes chamados do público a reformas radicais”.
Não lhe parece muito com o que se vê no Brasil? (Quem quiser ler o artigo de Salter sobre o tema pode dar uma olhada em http://goo.gl/VqVMOL. Está em economês gringo, mas não tem fórmulas e é fácil de entender.)
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