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Financês

Devagar e sempre

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Ao longo do ano, foram 47 colunas até agora – esta é a 48.ª. Em quase todas elas, o tema era um conflito: gastar ou poupar, contenção ou exagero. Não que isso seja totalmente estranho, porque o conflito está na base da Economia – basta lembrar que a relação mais importante entre os agentes econômicos costuma ser entre oferta e demanda; quer conflito maior?

Dá para entender que seja assim, dado o momento que o país vive. O aumento da renda criou uma nova tribo de consumidores. E, para ela, abriu-se um mundo novo: crédito, produtos novos e atraentes ofertas comerciais. Tudo isso parece estar tirando o brasileiro do sério, sem que ele perceba os riscos que o cercam. Do outro lado, as empresas querem tirar o máximo proveito desse ambiente de negócios – lembrando do que ocorreu em outros bons momentos, no passado, muitas temem que o sucesso seja passageiro.

O fim do ano é uma boa oportunidade para discutir tudo isso e tomar uma posição diante desses conflitos. Só que, novamente, não é nada fácil, porque esta é uma das épocas mais tensas do ano. Há sempre muitas coisas a fazer antes de trocar o calendário: compromissos sociais, confraternizações da empresa, apresentações na escola das crianças, compras, fila para estacionar no shopping, aluguel da casa na praia, engarrafamentos na rodovia... Parece que, quanto mais nos aproximamos das festas, mais tarefas surgem. Fica difícil até arranjar tempo para respirar. Não sei quanto ao leitor, mas eu estou já ansioso por uma pausa.

Não deveria ser assim. Natal é tempo de paz, não de correria. Ele relembra o nascimento de Cristo, a quem a Bíblia chama de "Príncipe da Paz". Bom momento, portanto, para pisar no feio – para começar a viver slow, como dizem por aí. E de tomar decisões que não sejam baseadas em ofertas de última hora, mas em valores firmes. Valores pessoais, não econômicos.

Feliz Natal.

Estresse dos feriados

Nos EUA, a American Psychological Associa­tion apurou que 44% das mulheres e 31% dos homens so­­frem com estresse no fim de ano. Mais da metade (61%) cita a falta de dinheiro como a principal causa, e 66% falam em falta de tempo. Isso leva a abusos na comida e na bebida. Mais um motivo para buscar uma vida mais tranquila.

Tesouro Direto

A leitora Alessandra, empresária, conta que tem uma pequena empresa e mantém suas economias em uma caderneta de poupança com saldo atual próximo de R$ 6 mil. Ela gostaria de dividir esses recursos e pergunta se o Te­­souro Direto seria uma boa opção, já que ela pretende deixar os recursos aplicados por 4 ou 5 anos.

O Tesouro Direto é o site criado pelo governo federal para vender títulos públicos diretamente ao investidor. Ele é, realmente, uma boa opção para investimentos de prazo mais longo (até mais do que 5 anos; o site oferecia ontem papéis com vencimento até 2045). A opção pelo Tesouro Direto tem também a vantagem de ser barata. Fundos de renda fixa (que investem basicamente em títulos do mesmo gênero desses disponíveis no Tesouro Direto) cobram taxas de administração de até 4% ao ano – a média está pouco acima de 2%. No caso do Tesouro Direto, os agentes de custódia cobram taxas bem mais baixas. Em alguns casos, nem cobram ou ficam num valor mínimo cobrado na entrada.

E qual título comprar? Tudo depende do que se espera para os próximos anos em termos macroeconômicos. A NTN-B principal – que paga ao investidor a variação da inflação pelo IPCA mais um porcentual de juros adicionais – pode ser uma boa opção no caso de a inflação subir, como preveem bancos e consultorias. A LFT, que paga a taxa Selic, também pode ser interessante – as mesmas instituições preveem uma alta na taxa já no início de 2011.

Mas Alessandra deve prestar atenção é no quanto tem guardado. O ideal é sempre ter na poupança ou na renda fixa o equivalente a seis meses das suas despesas. Se a sua reserva não chega a isso, é bom colocar nos seus planos um esforço para aumentá-la.

Falta pouco

Mais dez dias e o ano termina. O que você espera de 2011? Escreva contando. Mande também seu comentário, dúvida ou crítica para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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