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Financês

Dinheiro no bolso facilita tudo

O leitor/eleitor pode falar sobre Mais Médicos, corrupção, segurança e outros temas. Não vamos brigar por isso. O grande tema desta eleição é a economia e a persistência (ou não) dos benefícios obtidos pela população nos últimos anos.

Não foram poucos. Pegue-se, por exemplo, o indicador de massa salarial ampliada disponível, divulgado pelo Banco Central desde 2004. O nome esquisito esconde uma informação simples: é o conjunto dos salários recebidos pelos brasileiros, excluindo impostos e contribuições previdenciárias. Ou seja: é a parte do salário de que as pessoas podem dispor. Em julho de 2004, essa renda era de R$ 67,6 bilhões. Em julho deste ano, era de R$ 194 bilhões – um aumento de 186%.

Traduzindo do financês, isso significa que as famílias brasileiras vêm ampliando seus ganhos na última década. Esse é um excelente argumento para as pessoas votarem na continuidade.

Some-se a ele o fator terror, que ainda é poderoso nas campanhas eleitorais brasileiras. "Se a Dilma perder vai acabar o Bolsa Família", dizem por aí. Como o programa é uma ferramenta importante de distribuição de renda (e, certamente, tem influên­cia no aumento da renda disponível para as famílias), os dois instrumentos trabalham juntos.

O argumento do terror, por sinal, já fez muito mal ao próprio PT no passado. É triste que ele ainda seja eficaz, porque é um sintoma de imaturidade nacional, tanto na política como na economia. E uma sequela da desconfiança que o país desenvolveu depois do confisco das cadernetas de poupança protagonizado por Fernando Collor.

É surpreendente que nenhum candidato tenha conseguido vencer essas barreiras e apresentar uma proposta convincente para manter ou aumentar o poder de compra da população. Assim ficou fácil para Dilma manter-se à frente mesmo em um cenário adverso, de recessão técnica.

Para Aécio, esse será o primeiro problema a enfrentar no segundo turno. Se for capaz de demonstrar que pode manter o fluxo de caixa da população – em especial para as famílias mais humildes –, ele terá chances. Caso contrário, continuará apenas com os votos da classe média antipetista do Centro-Sul e pode dar adeus ao sonho de desempenhar o mandato que a morte tirou de seu avô.

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