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Prepare-se. O pão vai subir, conforme conta a reportagem do caderno Agronegócio de hoje. Outros alimentos, como o óleo de soja, também devem custar mais caro. Aparelhos eletrônicos, como tevês e computadores, já estão mais caros. Não sei se é o caso de chamar isso de "minicrise", como fez o ministro Mantega, mas o fato é que, com a alta do dólar, há bem mais em jogo que as férias na Flórida.

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A questão, obviamente, pode ser vista por múltiplos ângulos. Na semana passada, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento Econômico, disse que achava "ótimo" o preço do dólar. De fato, os exportadores brasileiros, principalmente aqueles que vendem produtos com pouco ou nenhum beneficiamento, dólar valorizado significa mais dinheiro no bolso. Pena que não somos todos exportadores, não, ministro?

A principal questão diz respeito aos preços. Há muitas mercadorias cujo preço tem o dólar como referência. Alguns porque são importados, como o trigo usado na panificação, outros porque são exportáveis – nesse caso, o produtor cobra do comprador brasileiro o mesmo preço que receberia caso resolvesse exportar sua mercadoria. Em financês, essas mercadorias são chamadas de tradables. É uma questão de equilíbrio: se o preço interno fosse menor, o produtor venderia tudo no mercado externo e, aqui dentro, haveria falta de mercadoria. Em consequência, o preço aqui subiria. Não há como conter esse movimento. A Argentina vem tentando, ao impor limites para a exportação das suas mercadorias. Se durar muito tempo, a política reduz a capacidade de investimento das empresas. Enfraquecidas, ficam tecnologicamente defasadas. Ou quebram ou acabam compradas por concorrentes mais fortes. Pior para o consumidor.

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Alguns preços sobem mais rápido, outros nem tanto. Empurrar essa alta para o consumidor final não é fácil. Há alguns dias conversei com empresários do ramo da alimentação, que contaram que não têm repassado integralmente o aumento de custos. Donos de restaurante que têm ingredientes importados e caros tiveram de alterar o cardápio para acomodar as altas. O dono de uma cadeia de bares está em uma negociação dura com seus fornecedores, em especial com uma grande cervejaria. Se o chope subir muito, a decisão está tomada: a duração da happy hour, com bebidas em dobro, vai cair pela metade.

Um "tranco" como esse no câmbio, rápido e intenso, se faz notar na inflação. E o Brasil já vinha sendo muito permissivo com a inflação, sempre perto do teto da meta. Basta uma comparação da taxa brasileira com outros países – está no gráfico – para ver que a nossa é das mais altas.

Mudando de assunto...

Sobre a coluna passada, que tratava de opções de investimentos para crianças, reproduzo o comentário do leitor Marcelo Santana:

"Penso que o melhor investimento para garantir o futuro dos filhos é a educação: coloque-os sempre em boas escolas, faça-os aprender pelo menos duas outras línguas, incentive-os a participar de atividades culturais, tocar algum instrumento, a ler o máximo possível. Ponha-os para viajar e conhecer novos lugares, diferentes modos de vida, viver um tempo em outro país", recomenda. "Sem dúvida, tudo isso custa caro, mas o que eles receberem será deles por toda a vida. Ninguém vai tirar-lhes o conhecimento e as habilidades que adquiriram. E eles saberão caminhar por suas próprias pernas."

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Tarefa difícil. Mas eu assino embaixo, Marcelo.

E você?

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