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Financês

O futuro do preço dos imóveis

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Na semana passada, conversando com um amigo que está em busca de imóveis para investimento, ouvi uma história que me chamou a atenção. Um corretor, ligado a uma grande imobiliária que atua na cidade, telefonou com uma proposta: daria ao meu amigo uma gratificação em dinheiro para que ele o escolhesse para buscar imóveis.

O normal, o leitor sabe, é que o corretor seja remunerado para prestar serviços desse tipo. Do ponto de vista econômico, faz sentido: um negócio envolvendo um apartamento de R$ 350 mil pode render uma comissão de até R$ 21 mil (6% do valor do imóvel). Uma parte ficaria com ele, outra com a empresa para a qual trabalha. Na prática, ele estaria dividindo essa corretagem com o cliente.

Foi a primeira vez que ouvi falar de uma prática como essa. Sem nem entrar no campo da ética – duvido que seus colegas aprovem a atitude –, dá para imaginar como anda a concorrência nesse mercado, que está batendo recordes há muito tempo. Será um sinal de saturação?

Segundo o economista Lucas Dezordi, do FAE Centro Universitário, é bem provável que sim. "Os ganhos têm sido tão gordos que, para manter essa rentabilidade alta, os agentes desse mercado concordam em repassar uma parte do benefício para o cliente", explica. Esse repasse não se dá em termos de desconto, porque o interesse de incorporadores e imobiliárias é manter o nível de preços. Em vez disso, eles concedem benefícios adicionais. A lógica, compara ele, é a mesma da concessionária que dá IPVA grátis para quem tira um carro zero ou da construtora que dá uma tevê de brinde para quem compra uma casa. Só que mais agressiva.

Um estudo do próprio De­­zordi (Desempenho e Projeções no Preço Médio dos Imóveis em Curitiba: Aparta­mentos de 1 a 4 quartos, publicado pelo FAE Centro Uni­versitário), feito no ano passado, mostra que os apartamentos de quatro dormitórios valorizaram-se em 38% de janeiro a setembro de 2010. Muito mais do que qualquer outro investimento financeiro no período. Essa é a mágica que o mercado quer manter. Se vai ou não conseguir, é outra história.

O tema é polêmico entre os economistas, que têm discutido nos últimos meses se há ou não uma bolha no mercado imobiliário de cidades como a capital paranaense. Embora o debate seja acadêmico, ele interessa ao público em geral porque traz em si uma especulação sobre o futuro desse mercado. Bolhas estouram e, se há uma bolha, em algum momento do futuro teremos uma queda acentuada de preços. Se não há bolha, os preços devem se estabilizar.

Dezordi não crê em bolha. Para ele, os preços subiram porque há uma demanda reprimida e o país teve um aumento na renda da população. Com base em variáveis como o volume de recursos disponíveis para financiamento imobiliário e o valor do salário mínimo, ele projeta que em julho deste ano o preço médio do metro quadrado dos apartamentos em Curitiba chegará a R$ 2.855,11 – um aumento de 9,13% em relação ao mesmo mês de 2010. Mais para frente, ainda de acordo com ele, virá a estabilidade. "Muitos empreendimentos já estão mantendo as tabelas do ano passado", observa.

Enquanto isso, na bolsa...

Quer mais um sinal de que o ponto de saturação se aproxima? Então lá vai...

Na sexta-feira, a construtora Cyrela anunciou uma revisão das suas metas de lançamentos para 2011 e 2012. Quando os planos foram traçados, em novembro de 2009, a empresa projetava para este ano lançar o equivalente a algo entre R$ 8,3 bilhões e R$ 9,1 bilhões. Agora, estima ficar entre R$ 7,6 bilhões e R$ 8,5 bilhões. Para 2012, o objetivo da construtora era ficar entre R$ 10,5 bilhões e R$ 11,5 bilhões. Agora, vai de R$ 8,7 bilhões a R$ 9,8 bilhões.

Por ser uma das três maiores do ramo da construção civil no país, a empresa é uma referência e tanto. O mercado não gostou muito da informação: as ações da empresa caíram 6,48% no pregão de ontem da bolsa de São Paulo. E arrastaram junto o Imob, índice de empresas do setor imobiliário, que caiu 0,51%. Só para comparar, o Ibovespa ficou positivo em 0,73%.

Planilha

A leitora Rosilda escreve contando que, há coisa de um ano, passou a usar uma planilha eletrônica para controlar os gastos domésticos. Foi o suficiente para colocar as finanças da casa em ordem e começar a guardar dinheiro numa caderneta de poupança. Parabéns, Rosilda!

E VOCÊ?

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