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O grau de investimento e o “seu” investimento

Imagine, por um instante, que alguma coisa deu errado e o Brasil perdeu o grau de investimento na avaliação das agências de classificação de risco. O que vai acontecer com os seus investimentos? Em especial, o que ocorre com as aplicações no Tesouro Direto, cujo risco está diretamente ligado ao problema, já que tratam-se de títulos de emissão do governo?

Foi essa a pergunta que o Aldair enviou para a coluna. Ela não é fora de propósito. Há uma semana, a agência Standard & Poor’s (S&P) divulgou o resultado de sua avaliação e manteve para o país as notas BBB- para o crédito de longo prazo em moeda estrangeira e BBB+ para o crédito de longo prazo em moeda local. O rating em moeda estrangeira está a um passo de cair para uma classificação ruim. O relatório da agência falava do “desafio político” do ajuste fiscal que o governo está tentando fazer. Nas entrelinhas, o recado soa mais ou menos assim: se o ajuste fiscal não passar ou demorar demais, a nota vai cair.

O grau de investimento é como uma nota mínima, para a qual os gestores internacionais de fundos olham antes de decidir onde colocar dinheiro. Quanto melhor a nota, menor é o risco de ter problemas – o principal deles é algum tipo de calote. Quem busca segurança, como fundos de pensão, só pode colocar a grana de seus clientes em empresas e países que têm boas notas.

Mas o que acontece com quem é brasileirinho e decidiu aplicar suas economias em títulos vendidos pelo Tesouro Nacional, garantidos pelo governo federal? Com certeza vai assistir a alguns momentos tensos, segundo explica o consultor financeiro Raul Ribas, da Diversinvest. “Um movimento como esse vai provocar a saída de muitos investidores que têm por regra só aplicar onde há investment grade”, diz. Em consequência, haverá menos procura e o preço dos títulos cairá.

Além disso, o ambiente não ajuda. O panorama é de inflação em alta, desaceleração na produção, redução na oferta de emprego, diminuição no volume de crédito e juros altos.

Porém…

… um cenário como esse pode abrir uma oportunidade para o investidor. Os preços tendem a cair e o rendimento dos papéis tende a subir (como, de resto, os juros em geral). Teoricamente, o risco é maior, mas o histórico do Tesouro brasileiro – que em financês costuma-se chamar de track record é bom. “O Tesouro vende títulos sem investment grade por muito tempo, e nunca deu calote em ninguém”, observa Ribas.

Então, Aldair – e outros leitores que gostam do Tesouro Direto – tente se manter calmo. Mesmo que a situação desande, nem tudo está perdido. E vale lembrar que a questão de fundo é mais política que econômica, porque a chave para o rating futuro está no ajuste fiscal, que será aprovado ou rejeitado no Congresso.

Mais Tesouro

Por falar nele, o Tesouro Direto andou mudando. Talvez o leitor já saiba que os títulos mudaram de nome. Ficaram mais fáceis de entender para o sujeito que não é fluente em financês. Além disso, a liquidez passou a ser diária. Melhorou. Veja na tabela ao lado os novos nomes.

Sete

Esta coluna estreou em 1º de abril de 2008. São sete anos no ar, portanto. Aproveito para agradecer ao paciente leitor pelo privilégio de tê-lo por perto.

Escreva!

O assunto do Aldair é Tesouro Direto. E o seu? Mande sua dúvida ou comentário para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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