Pouco. Não quero estragar o otimismo de tanta gente que anda comemorando a ascensão do homem ao poder, mas ele começou mal já na formulação de seu ministério. Desperdiçou a chance de afastar-se dos maus hábitos de sua antecessora e escolheu gente vinculada tanto a Lula e Dilma quando a ações sob investigação da Operação Lava Jato. Conclui-se por uma de duas possibilidades: ou ele foi responsável pelas indicações de muitos dos nomes dos gabinetes petistas (tanto que agora os repete) ou é refém de alguma entidade suprapartidária oculta que a todos nomeia. Nenhuma das hipóteses cheira bem.

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Não é bom sinal nem mesmo a nomeação, tão celebrada, de Henrique Meirelles para a Fazenda. Sim, ele pôs em ordem a economia durante a gestão Lula, com uma atuação no Banco Central que se provou independente e obstinada em relação ao cumprimento das metas de inflação. Depois disso, passou os últimos quatro anos vinculado ao grupo JBS, um dos principais beneficiários da política de fortalecimento de grupos empresariais levada a cabo pelo governo federal, com forte apoio do BNDES.

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Em novembro do ano passado, um relatório do Tribunal de Contas da União apontou indícios de que tal apoio tenha resultado em perdas de R$ 847 milhões para o banco estatal no período entre 2006 (quando Meirelles estava no Banco Central e deveria fiscalizar o BNDES) até 2014 (quando ele estava na direção do conselho consultivo da J&F, holding do grupo JBS). Meirelles impôs a si próprio uma quarentena após deixar o Banco Central, demorando quatro meses para assumir qualquer cargo na iniciativa privada. O que, por si só, não significa muita coisa.

Convém não esquecer que a gestão Temer pode ser bem mais curta que se imagina. As contas da campanha da chapa Dilma/Temer para presidente e vice estão em análise no Tribunal Superior Eleitoral, e as informações da Operação Lava Jato indicam que ela recebeu dinheiro ilegal de empreiteiras.

A instabilidade política continua no horizonte das nossas finanças pessoais.

Antecipação

Quem olha para o gráfico do Ibovespa neste ano vê razões para sentir-se animado: depois de uma temporada bastante deprimida (segundo a empresa de informações financeiras Economatica, ao longo da gestão Dilma o índice Ibovespa caiu 23,87% nominais, ou 47,55% deflacionados), as ações parecem demonstrar uma escalada. De janeiro até agora, a alta é de 22,67%. Só ontem foi 0,9%.

O fato é que o mercado já vinha antecipando o fim da gestão Dilma, e essa antecipação alimentou a alta. Se ela vai ou não prosseguir, vai depender do que acontecer de agora em diante.

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