Na sexta-feira, o programa Globo Repórter apresentou alguns alimentos que podem trazer benefícios para a saúde. Entre eles estava a quinoa, um grão nativo dos Andes do qual os nutricionistas falam maravilhas. No dia seguinte, o editor Breno Baldrati, aqui da Gazeta, passeava pela feira livre do Juvevê, e viu quando um consumidor perguntou a um dos feirantes se ele tinha quinoa.

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— Acabou — disse o homem.

— Tem a ver com o Globo Repórter? — perguntou o cliente.

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— Você precisa ver que loucura, eu nunca vi isso — prosseguiu o vendedor. — Eu aumentei o preço de R$ 5 para R$ 8 cada 100 gramas, e mesmo assim vendeu tudo.

A quinoa nunca foi um produto barato. Mas ganhou cinco minutos de exposição em um programa jornalístico de público amplo. O pessoal viu, ficou curioso e comprou o que pôde – a demanda, portanto, foi aos ares. O aumento de preço foi de 60%, e poderia ter sido até maior.

Ainda bem que a quinoa não entra na composição dos índices de inflação...

Esse é um exemplo de como funciona um princípio econômico básico, a lei da oferta e da procura. A maioria das pessoas entende como ela funciona, mas com frequência não se toca da influência que pode ter no seu dia a dia. E se surpreende.

Veja o caso de um outro colega, que veio tirar comigo uma dúvida sobre sua declaração de Imposto de Renda. Ele temia cair na malha fina por apresentar de modo errado recursos recebidos de sua esposa. Dúvida sanada, ele contou que procurou um profissional para resolver seu problema. O homem pediu R$ 600 – o que ele não aceitou, porque o valor equivalia a boa parte da restituição a que teria direito.

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De uma forma um tanto abrupta, meu colega descobriu uma regra importante dos negócios: oferta limitada, demanda intensa e urgência levam, sempre, a preços mais altos.

Coloque-se no lado do profissional: o prazo para entrega das declarações está chegando ao fim (faltam só 15 dias, e, se você ainda tem dúvidas, talvez ajude dar uma olhada nas perguntas e respostas sobre o tema na página 19) e ele provavelmente está estendendo a jornada de trabalho dele próprio e de sua equipe para atender a demanda. Cada novo caso terá de pagar um custo adicional para entrar na fila. Faz parte do jogo.

A regra pode ser estendida a outras situações. Quem vai viajar sabe que pagará mais caro em algumas datas, como meses de férias escolares e feriados. É natural: assentos de avião e quartos de hotel são ativos de disponibilidade limitada, e quanto mais restrita é a agenda do viajante, menor a sua margem para buscar preços baixos.

No caso de compras pela internet, a norma também vale. Em alguns sites você pode escolher o tipo de entrega. Se não tem pressa para ter a mercadoria em mãos, o custo é um. Se a pressa exige uma encomenda expressa, a história é outra – e o preço também.

Tudo isso para chegar a uma conclusão: antecipar compras de produtos e serviços pode ser uma boa ferramenta para poupar. Nós, brasileiros, entretanto, temos como tradição nacional protelar as coisas (e doi admitir que eu sou bem assim, também). E pagamos o preço por isso.

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Declaração

Em alguns veículos de imprensa, a área de finanças pessoais apresenta reportagens e artigos sobre investimentos, principalmente. Aqui, na Gazeta, tentamos investir um pouco mais na educação financeira e em seus fundamentos. Escrevo com frequência sobre investimentos, aqui neste espaço, mas não vou deixar de tratar de consumo e das noções econômicas mais básicas.

Dúvidas?Mande todas. O e-mail é financaspessoais@gazetadopovo.com.br.