Nosso comportamento como trabalhadores, consumidores e investidores está sempre muito ligado ao nosso ânimo (ou ao "estado de espírito", como se costuma dizer). São conhecidos os reflexos do excesso de confiança nos investimentos de risco: o entusiasmo faz com que o indivíduo releve as ameaças e, mentalmente, acentue as vantagens das aplicações.

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Há alguns anos, tive uma conversa com um executivo de montadora, que falava sobre as iniciativas de sua empresa para garantir qualidade uniforme aos seus veículos. Embora o processo das montadoras empregue robótica em vários momentos, nem sempre o resultado é igual, especialmente nas partes que envolvem o trabalho humano, sempre mais sujeito a falhas. A empresa mantinha registros estatísticos das falhas, e descobriu que o índice de erros era muito maior às segundas-feiras. Assim, se você puder escolher – que eu saiba, a gente não tem nem como ter acesso a informações sobre a data de produção –, não compre um carro fabricado nesse dia. A chance de ele ter algum defeito de fabricação é maior.

A montadora estudou as ocorrências e associou os casos àquilo que algumas pessoas costumam chamar de "Síndrome de Garfield", lembrando o gato dos quadrinhos que odeia as segundas-feiras. Ou seja: o operário chega à linha de produção desanimado ou chateado, e cumpre suas tarefas com menos empenho. Ao longo da semana, os números melhoravam e o índice de erros caía ao menor nível na quinta-feira. Na sexta, ansiosos pela folga, os trabalhadores eram um pouco menos precisos, o que derrubava ligeiramente a estatística.

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Na semana passada recebi números que lembravam aqueles da montadora. São dados da MultiCrédito, empresa que opera o serviço Telecheque, que mantém um cadastro de pessoas inadimplentes semelhante aos de Serasa e SPC. De acordo com as informações da empresa, o dia da semana com maior quantidade de problemas é a quinta-feira. De todas as consultas feitas no dia, 3,13% resultavam em registros negativos; em segundo lugar vem a segunda-feira, com 2,81%. A média do mês passado foi bem mais baixa: 2,35%.

A explicação da empresa leva em conta o estresse do trabalho, que cresce antes e depois do fim de semana. Essa influência leva as pessoas a fazer compras por impulso, seja em lojas ou restaurantes. E comprar por impulso é uma das maneiras mais eficazes de fazer besteira com as finanças.

Quase todo mundo já ouviu falar que você não deve ir ao supermercado quando está com fome, porque terá a tendência de achar todos os produtos atraentes ou gostosos e acabará gastando demais. Se você já segue essa regra, lembre-se de outra: não vá às compras quando estiver triste. A conta do cartão de crédito vai deixá-lo ainda mais sorumbático.

Mudando de assunto...

Depois do estrago feito, aparecem comentaristas a rodo dizendo que a seleção brasileira de futebol era "um arremedo" ou que nunca treinava, entre tantas observações negativas. Mas boa parte desses críticos está na turma que elogiava a equipe e dava vivas à "Família Scolari" duas semanas atrás.

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Esses são tão culpados pelo papelão feito pelo Brasil na Copa quanto a comissão técnica, porque ajudaram a iludir os brasileiros que assistiam tudo pela telinha.

Tudo como dantes

Acabou a Copa e voltamos ao nosso dia a dia. Então, se você tiver alguma dúvida sobre educação financeira, envie sua mensagem para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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