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Financês

Três trimestres tristes

Faltam ainda dez dias para que o IBGE divulgue os dados do PIB do segundo trimestre – o anúncio está previsto para 29 de agosto – e pouca gente no mercado está preocupada com o número. É consenso geral que a economia brasileira encolheu no período abril–junho, a dúvida é apenas em relação à profundidade e duração dessa retração. É possível até que o instituto, em uma única manhã, sacramente que o Brasil está, de fato, em uma recessão.

Explicando melhor: a definição de recessão é uma sequência de dois trimestres seguidos de encolhimento no PIB – é o que alguns chamam de "recessão técnica". No primeiro trimestre de 2014, o PIB brasileiro cresceu meros 0,2% e, no segundo trimestre, o número deve ser negativo. O índice de atividade do Banco Central (IBC-Br), que muitos chamam de prévia do PIB (mas que tem metodologia diferente e que, recentemente, tem mostrado grandes divergências de resultados), recuou 1,2% de abril a junho.

Ocorre que, junto com os dados mais recentes, o IBGE deve divulgar uma revisão dos dados do primeiro trimestre. Não seria surpreendente se essa revisão apontasse para um decrescimento no período de janeiro a março. Assim, a tal recessão técnica poderia ser confirmada já no anúncio do fim deste mês.

O problema é que muitos observadores têm notado que o terceiro trimestre (julho–setembro) também não tem dado mostras de recuperação. É bem possível que, em 28 de novembro, quando saírem os dados do trimestre corrente, venham mais más notícias.

Há, então, a possibilidade real de três trimestres consecutivos de retração – algo que, nos últimos 20 anos, só ocorreu uma vez: de janeiro a setembro de 2009, no auge da crise das hipotecas nos Estados Unidos.

É hora, portanto, de pensar bem antes de fazer grandes gastos. Recessão costuma vir acompanhada de aumento no desemprego e de pessimismo em relação à economia em geral. Melhor assumir uma posição mais defensiva.

Mudando de assunto...

Recebi por esses dias alguns e-mails de um "programa de ajuda mútua" impressionante. Diz lá que, se o sujeito dedicar R$ 12 ao tal sistema deles, poderá receber R$ 750 mil em algumas semanas (é isso mesmo: uma dúzia de reaizinhos virando três quartos de milhão).

A ideia é fazer seis depósitos de R$ 2 nas contas de pessoas que aparecem na mensagem. Aí é escanear o comprovante de depósito e enviar para 500 pessoas, com uma lista atualizada de nomes e contas. E esperar que a lista tenha muitas pessoas ingênuas. Afinal, para acreditar nessa bobagem, só tendo nascido ontem.

Me deu até vontade de fazer os depósitos, só para saber se aquelas pessoas existem mesmo. Foi rápido, logo a vontade passou, por dois motivos – não consigo nem imaginar entrando numa fila de banco para fazer um depósito de R$ 2, e também não gosto da ideia de premiar alguém que acredita na forma mais antiga e boboca de pirâmide. Então, imaginando que aqueles dados são de gente de verdade, prefiro fazer um alerta.

Atenção, Janiel, cliente de uma agência do Itaú no bairro da Penha, em São Paulo; Rogério, correntista do Banco do Brasil na agência Governador Valadares (MG); J. Agenor, que tem conta na Caixa do Portal do Morumbi (SP); Fábio F., que tem poupança na Caixa de Campo Limpo (SP); Tiago, dono de uma poupança da Caixa em Agudo (RS); e Hércules, de Lapão (BA)!

Vocês caíram em um dos golpes mais velhos da história. Talvez vocês não se incomodem tanto, já que (provavelmente) só perderam R$ 12 com isso. Mas pensem bem: tem um monte de gente por aí que sabe seus nomes e o número de suas contas bancárias...

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