Sequela da crise: os bancos brasileiros aumentaram muito suas provisões para devedores duvidosos em seus balanços. Traduzindo do financês para o português, isso significa que essas instituições financeiras estão reservando uma parte dos seus ganhos para cobrir as perdas em caso de calote. Informar essas provisões nos balanços trimestrais é obrigação de toda empresa e, no caso dos bancos, é essencial, já que emprestar dinheiro está entre suas atividades essenciais.
Fui dar uma olhada nas informações que os bancos fornecem ao Banco Central sobre a classificação de risco para as suas operações de crédito. Essa classificação funciona assim: o banco verifica nos seus registros quais de seus clientes estão em dia com seus pagamentos e quais estão em atraso, e de quanto é esse atraso.
Esses créditos são colocados em uma tabela, onde os pagadores mais confiáveis recebem a “etiqueta” AA e os menos confiáveis (em atraso superior a 180 dias) recebem a H. Olhando para os cinco maiores “emprestadores” do país (Caixa, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e BNDES), em três deles a quantidade de créditos AA caiu – Caixa e Bradesco foram os que melhoraram. O destaque vai para o BNDES: em junho de 2014, 37,8% de seus créditos estavam nessa categoria; em junho de 2016, eles somavam 13,7%.
Já na outra ponta da classificação de crédito, a H, os porcentuais cresceram para todos. Nessa categoria, a CEF tem 2,9% de seus créditos; o BB, 2,8%; o Itaú, 2,7%; o Bradesco, 3,6%; e o BNDES, 0,22%.
Não entendam mal: os bancos não estão em dificuldades financeiras ou coisa parecida. O que ocorre é um problema geral na economia do país, que faz com que uma multidão de empresas e pessoas físicas tenham dificuldades para manter as contas em dia. A recessão vai acabar e o sistema vai prosseguir, saudável como tem sido. O que nós vemos aqui é mais um sintoma da doença em que nos metemos.
Medo das ações
Uma curiosidade garimpada nos relatórios da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima): embora os fundos de ações estejam liderando os rankings de rentabilidade no país, sua captação líquida de janeiro a outubro é negativa. Em números, de janeiro a outubro os fundos de ações renderam, em média, de 30% a 40% – a categoria índice ativo, que busca superar o Ibovespa, ganhou 41% no período. Já a captação líquida (ou seja, a diferença entre depósitos e saques) caiu 2%. Quer dizer: muita gente que ganhou dinheiro realizou seus lucros – quer dizer, sacou o que tinha ganhado.
Mas não tem muitos entrantes. Talvez porque o brasileiro ainda está cauteloso com a renda variável.
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