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Um estudo da Economatica, empresa especializada em tecnologia da informação para investidores, mostra um lado interessante do mercado de ações do Brasil. O levantamento, divulgado ontem, mostra que a bolsa fechou o mês de agosto com o maior valor de mercado de sua história.

O dado da Economatica abrange a soma do valor de todas as ações negociadas na bolsa. O total atingiu na sexta passada, último dia útil de agosto, R$ 2,59 trilhões. Há poucos meses, em fevereiro, esse valor global de mercado estava em R$ 2,11 trilhões – o mais baixo desde meados de 2011.

O valor de mercado de uma empresa é o valor somado de todas as suas ações. Ele reflete a força dos negócios da companhia, mas também um punhado de variáveis mais difíceis de definir: a boa fama da empresa entre seus investidores, a confiança na gestão da firma, a sua capacidade de continuar a gerar bons resultados, a força relativa de seus competidores, entre outros.

Ao avaliar o mercado como um todo, o índice reflete algo mais: a confiança em uma retomada da economia brasileira e a capacidade de o próprio país ser um bom lugar para ganhar dinheiro nos próximos anos. Essa parece ser uma boa notícia, em especial para quem está em um momento de aguda retração econômica, e em meio a um processo eleitoral ainda bastante incerto.

Desde o início do ano o Ibovespa, o principal índice do país, subiu 18,70%. Parece bastante – e é –, mas esse desempenho não foi tão bom o ano todo. De janeiro até 14 de março, a bolsa caiu 12,7%, refletindo, talvez, os maus resultados da economia no primeiro trimestre. A alta parece estar mais consistente nas últimas semanas e enganchada com as expectativas eleitorais.

Não deixa de ser surpreendente que o valor de mercado dessa bolsa sofrida esteja batendo recordes. Os números parecem estar indicando algo que muitos pesquisadores já haviam percebido há bastante tempo. A economia brasileira é dura na queda e muito mais persistente do que pode parecer à primeira vista.

Não é o fim do mundo

A essa altura da campanha eleitoral, todos os candidatos tentarão convencê-lo, caro leitor/eleitor, que o Brasil está à beira do abismo, e que votar em seus adversários equivale a dar um passo à frente. E a economia é o principal argumento deles.

Ninguém devia se deixar iludir pelos discursos apocalípticos desses dias. É claro que escolher mal terá consequências muito ruins, mas o exagero costuma imperar nas campanhas. Se você tem idade suficiente para ter acompanhado a eleição de 1989, deve se lembrar que muitos descreviam um Brasil governado por Lula como uma visão do inferno. Também creio que a maioria concordará que o país chegou mesmo a sentir o cheiro do enxofre – só que foi com o governo Collor.

Se me permite cruzar a fronteira das seções do jornal, gostaria de sugerir que o leitor prestasse muita atenção no seu voto para o Legislativo, em especial se não estiver se sentindo seguro com as opções para a Presidência da República. Bons deputados e senadores poderão ajudar a impedir que um mau presidente faça bobagens.

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