O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se manifestou sobre o conteúdo da coluna publicada na semana passada. O objetivo foi de "esclarecer" alguns "aspectos" sobre o tema abordado. Sob o título "Um problema [rebanho] que também é nosso", o artigo faz um alerta à ameaça que o foco de febre aftosa no Paraguai representa ao Brasil. E que extraoficialmente não seria apenas uma, e sim mais de 30 ocorrências. A coluna também fez referência ao início da segunda etapa da vacinação contra a doença, agora em novembro, e destacou a falta de recursos do Mapa para a mobilização da cadeia produtiva da pecuária no engajamento à campanha.

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Pois bem. Vamos, então, entender a manifestação do Mapa como um direito de resposta e trazer aqui as questões pontuadas no e-mail, recebido em 26 de outubro, que não acrescentou nada além de informações. Porque esclarecimentos, mesmo, o ministério continua devendo. Não explicou se há ou não destinação de verba específica para garantir a plena divulgação desta etapa da campanha de imunização do rebanho e qual a real situação do Paraguai.

Em síntese, afirmou que está, sim, investindo. Quer dizer, mais ou menos. Infelizmente, a nota apenas confirma a preocupação exposta pela coluna. De que o go­­verno vai ficar devendo no que diz respeito a ações de mobilização e conscientização. De que a pasta se vale hoje de canais um tanto limitados, como redes públicas e localizadas de comunicação que não têm a dimensão e nem a penetração que a importância do tema re­­quer. O Mapa também reconhece que está passando o chapéu, solicitando a veiculação de vídeo com orientações sobre a imunização em espaços cedidos gratuitamente pelas emissoras de televisão.

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Já sobre o número de focos identificados no Paraguai, mas que não teriam sido comunicados à comunidade internacional – no caso, à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) –, o ministério preferiu não comentar. Ou seja, o Mapa, então, concorda com o apontamento feito por fontes desta coluna ou não tem informações suficientes para garantir que o caso seria mesmo isolado e a disseminação estaria controlada pelas autoridades sanitárias paraguaias. Mas o que se pretende aqui não é apontar o dedo para ninguém, e sim tratar do assunto com a relevância que ele merece. Sanidade na pecuária não é somente questão de saúde animal, mas de saúde pública, que envolve variáveis econômicas e sociais.

Se, por uma razão ou outra, o tema não vem sendo tratado com a relevância necessária pelo Ministério da Agricultura, é obrigação dos dirigentes da pasta expor os motivos, sejam eles políticos, de contingência ou de cortes no orçamento. Sanidade precisa ser encarada como prevenção, que requer investimentos públicos e privados para manter a ordem e garantir o bem comum, a sustentabilidade e a saúde financeira da atividade. Se o Mapa não tem recursos suficientes para fazer o que deve ser feito, va­­mos discutir os motivos e tentar reverter a situação, envolver a so­­ciedade e outros elos da cadeia produtiva, mas com foco na solução.

De qualquer forma, ainda que limitada, a campanha de divulgação justificada pelo Mapa é melhor que nada. Mas de longe deixa a desejar, a julgar os interesses que estão em jogo. A OIE tem reconhecido publicamente o empenho do Brasil no controle dessa e de uma série de outras enfermidades, como ressalta o ministério, é verdade. Mas isso somente reforça a responsabilidade brasileira perante a comunidade internacional, exige maior vigilância e o alerta permanente, cenário que se garante com prioridades e investimentos.

Sobra, então, para os estados e municípios. Parte da mobilização que chega até a ponta – no caso o produtor – é bancada por entidades de representação. No Paraná, a campanha só não é mais tímida graças a iniciativas como a da Federação da Agricultura do estado, que com o apoio dos sindicatos patronais investe dinheiro, tempo, recursos humanos e materiais no esforço de conscientização. O governo do estado, ciente da participação da pecuária na economia do estado e do prejuízo que a aftosa causou ao Paraná há cinco anos, também se esforça para fazer a sua parte. Hoje o governador Beto Richa e o secretário Norberto Ortigara, da Agricultura e do Abastecimento, estarão juntos na Região Noroeste para lançar oficialmente a segunda etapa da campanha. Mais do que nunca vacinar não é obrigação, mas condição à proteção do rebanho.

Pela Amazônia

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Nas igrejas católicas de todo o Brasil a celebração deste domingo chamou a atenção ao fazer um apelo e uma oração pela Amazô­­nia. "Para que a população e as autoridades não permitam a ex­­ploração predatória da Amazônia pelo agronegócio, pelas madeireiras e mineradoras e pela política energética do governo central", trouxe a última prece da Oração da Comunidade. Uma clara alusão ao desmatamento, à agricultura e pecuária e à usina de Belo Monte. Uma preocupação que procede, mas que também se torna relativa ao generalizar os segmentos.

Um tema que interessa não apenas à Igreja, como a toda a sociedade organizada, urbana e rural, econômica e ambiental. Mas um assunto que exige critérios, abordagens mais amplas e esclarecedoras, como também deve ser o debate, as opiniões e interpretações. O Brasil deve, precisa e está preservando. Mas também precisa de comida, de desenvolvimento e sustentabilidade, econômica e social. É necessário, portanto, muito cuidado ao abordar o assunto. Como, onde e para quem falar pode fazer muita diferença, criar conflitos ou somar em busca do equilíbrio.

Não é só a Igreja; todo cidadão e instituição tem o direito e o dever de proteger a Amazônia. Espera-se apenas que o faça de maneira legítima, responsável e racional.