Depois uma rápida, mas intensa batalha nos tribunais, a senadora Kátia Abreu (PMDB) garantiu a realização do pleito e sua reeleição à presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Dos 27 votantes que integram o Conselho de Representantes da entidade, titulares das federações estaduais da agricultura e pecuária, 22 compareceram à eleição, realizada semana passada, em Brasília. A senadora recebeu 21 votos. Houve o registro de um voto em branco.
Disputas jurídicas à parte, Kátia Abreu concorreu em chapa única, cenário que, em tese, sugere unanimidade entre seus representados. Na prática, porém, não foi esse o caso. Na relação proporcional entre os votos recebidos e o número de eleitores, a diretoria eleita para o triênio 2014/2017 não teve o apoio de 23% das federações, que não compareceram ou então votaram em branco.
O porcentual parece pequeno diante da maioria absoluta que votou pela recondução da senadora para seu terceiro mandato à frente da maior entidade de representação do agronegócio brasileiro. Mas, se considerarmos que dos 21 votantes 16 eram integrantes da chapa vencedora, não há nada de unanimidade, mas de interesses e lealdade, ainda que esta possa ser questionável.
Além dos 16 votos dos seus próprios integrantes, a chapa recebeu outros cinco de simpatizantes e deixou de receber outros seis. Em uma análise que desconsidera os votos daqueles que compõem o grupo vencedor, uma votação ou ausência na votação que deixa a CNA bem dividida, mais para contra do que a favor da diretoria eleita. Resultado que pode ser uma indicação de que a batalha na Justiça não terminou com a realização do pleito. Mas está apenas no começo. Há perguntas que não foram respondidas e procedimentos que precisam ser esclarecidos. Da prestação de contas à eleição, um ambiente que mistura questões e interesses políticos com representação.
A disputa judicial foi patrocinada pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que apontou irregularidades e falta de transparência nas contas da entidade e vícios no processo eleitoral, que estaria sendo conduzido por integrantes da única chapa na disputa.
Soja paraguaia
Com o plantio da safra de verão praticamente concluído, o Paraguai faz uma grande aposta na produção de soja. A área de 3,15 milhões de hectares da campanha 2014/15 tem potencial para render perto de 9 milhões de toneladas. Com mais 500 mil hectares que devem ser cultivados na safrinha, a oleaginosa deve romper as 10 milhões de toneladas no país vizinho, ampliando sua contribuição à participação da América no Sul na produção mundial.
Se o clima ajudar, a chuva chegar e as temperaturas amenizarem, os produtores sul-americanos devem produzir 163 milhões de toneladas de soja no ciclo 2014/15, o equivalente a 52% da produção mundial. Com previsão de embarque de 63 milhões de toneladas de soja em grãos, o bloco também é responsável por 54% do comércio internacional da oleaginosa.
A partir de hoje, uma equipe da Expedição Safra Gazeta do Povo percorre 1.500 quilômetros de Norte a Sul das principais regiões produtoras do Paraguai. O roteiro ampliado e com maior capilaridade em território paraguaio será cumprido em parceria com a Agrotec, empresa de soluções integrada para o agronegócio.
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