Presença no PIB

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na semana passada o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2013. O destaque ficou por conta não apenas do crescimento, bem como da participação do agronegócio. O setor fechou o ano com variação de 7%, desempenho que claramente contribuiu para sustentar o PIB nacional em 2,3%. Com uma fatia de R$ 1,03 trilhão, o agronegócio participou com mais de 21% dos R$ 4,84 trilhões do PIB do ano passado. Estamos falando que mais de um quinto de todas as riquezas geradas pelo país têm origem no campo, na agricultura e pecuária.

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A oleaginosa há tempos deixou de ser usada quase que exclusivamente para alimentação humana e animal, e se transformou em fonte de combustível. Com demanda crescente e produção e consumo ajustados, o grão será mais disputado.

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Nas últimas duas safras Brasil e Estados Unidos disputam na casa das millhares de toneladas o ranking de maior produtor mundial de soja. Uma liderança que se estabelece, a princípio, em volume produzido a cada temporada.

Referência óbvia, mas que deve ser interpretada de forma mais ampla quando olhamos o que é a soja, qual a sua destinação e importância no mercado internacional. Para começar, nos últimos anos a demanda tem sido maior que o oferta, o que leva à valorização do produto.

Depois, oleaginosa há tempos deixou de ser usada quase que exclusivamente para alimentação humana e animal, e se transformou em fonte de combustível. Definiu-se, então, uma nova ordem, de uma nova era à cadeia produtiva. Depois do petróleo, a soja tornou-se a commodity com maior liquidez no mercado mundial. Com demanda crescente e produção e consumo bastante ajustados, o grão será cada vez mais disputado.

As produções recordes e as frustrações de safra provocadas pelo clima impactam no mercado e na rentabilidade e promovem alterações no ranking de países produtores. Mas nem de longe tiram o interesse pela cultura. São ciclos, bons e ruins, que vão continuar a existir sem, no entanto, limitar a necessária expansão da soja. Até porque, o que não deixa de ser um risco, estamos falando de uma produção altamente concentrada. Com aproximadamente 180 milhões de toneladas, Brasil e Estados Unidos respondem por uma fatia em torno de 70% da oferta mundial.

Se incluirmos Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, a produção da América do Sul e América do Norte vai a 250 milhões de toneladas. O restante do mundo, então, não produz mais que 20 milhões de toneladas, mas consome quase 200 milhões de toneladas do produto. Os números ajudam a entender um pouco mais sobre a liquidez e também por que Estados Unidos e Brasil se importam em buscar e sustentar a liderança na produção. A questão vai além do agronômico. É econômica, é mercado internacional, tem a ver com divisas políticas e comerciais.

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Por outro lado, o ranking que não está mais em disputa, ainda na soja, é o de maior exportador. O posto está no comando do Brasil há três anos, com uma larga vantagem diante dos Estados Unidos. Na temporada 2013/14 serão 41,1 milhões de toneladas embarcadas pelos norte-americanos contra 45 milhões de toneladas pelos portos brasileiros. O Brasil exporta soja para praticamente todo o mundo, inclusive para os Estados Unidos. A parte absoluta das exportações nos dois países é de soja em grão, em detrimento do farelo e do óleo – um mercado que cresce no mundo, mas utilizando matéria-prima de países das Américas do Sul e do Norte.

Na safra 2013/14 os Estados Unidos produziram 89,4 milhões de toneladas de soja e o Brasil, com a safra em plena colheita, deve tirar dos campos 88,6 milhões de toneladas. Isso porque o potencial por aqui, acima das 91 milhões de toneladas, foi comprometido pelo clima, com muito sol ou chuva e altas temperaturas em alguns dos principais estados produtores, como Paraná, Mato Grosso e Goiás. Na campanha anterior, a 2012/13, a diferença não foi diferente, com pouco mais de 82 milhões de toneladas para os EUA e 81,9 milhões de toneladas para o Brasil.

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