A comunidade internacional se encontra nesta semana em Foz do Iguaçu com o desafio de unificar regras e procedimentos de prevenção, controle e combate às principais ameaças à saúde animal. Ameaças, aliás, que extrapolam o campo da sanidade para serem usadas, de forma até desleal, política e comercialmente. São as chamadas barreiras comerciais disfarçadas de embargos sanitários, em um claro e nada disfarçado protecionismo.
De 4 a 6 de dezembro, representantes de quase 180 países participam da conferência mundial da OIE, a Organização Internacional de Saúde Animal. O evento é internacional, mas a oportunidade é do Paraná, que ainda não consegue acessar o mercado de carnes de parte desses países, apesar de manter boas relações comerciais com a maioria deles. A realização do evento por aqui coloca o país e o estado na vitrine. Porque direta ou indiretamente as atenções do mundo da produção e do consumo de carne se voltam para cá, posicionam a América do Sul, o Brasil e, principalmente, o Paraná, na condição não apenas de fornecedores como de agentes ativos na geração de conteúdo, informação e estratégia ao futuro do setor.
Apesar das prerrogativas do governo federal na condução das políticas internacionais, quero acreditar que o Paraná fez a sua parte e se preparou para capitalizar ao máximo os benefícios que a realização da conferência no estado pode trazer à pecuária paranaense. Da comitiva de técnicos e autoridades que visitou a Rússia em setembro ao seminário "Potencialidades e Estratégias para Exportação de Carnes do Paraná" realizado em outubro, iniciativa pública e privada traçam metas e definem formas de atuação conjunta para estabelecer uma relação cada vez mais direta entre cliente e fornecedor.
A ideia é ficar menos refém da estrutura federal. Criar um ambiente mais dinâmico em que o estado continua sujeito aos órgãos de sanidade e comércio internacional. Mas ganha autonomia e legitimidade na defesa dos interesses regionais junto ao mercado externo. Em suma, o estado quer fazer o que a Federação não faz, porque não quer fazer ou simplesmente porque não tem competência para fazer. Costumo dizer, e vale a pena lembrar novamente, que a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) é um exemplo concreto da iniciativa estadual nesse sentido.
Maior produtor e exportador brasileiro de carne de frango, o Paraná também é o terceiro em produção de carne suína e leite. A bovinocultura de corte não é tão expressiva, mas ainda assim é importante, em especial à região Noroeste. O destaque, porém, não está no ranking deste ou daquele segmento, mas na qualidade do produto, na segurança alimentar e de abastecimento da pecuária paranaense. Características que têm a ver com investimento em tecnologia de produção e, principalmente, em sanidade. Credenciais que só não são reconhecidas ou então são questionadas internacionalmente quando há interesses outros, políticos ou comerciais, que não têm nada a ver com qualidade.
Em paralelo à conferência, começa hoje em Foz o 3.º Encontro Nacional de Defesa Sanitária Animal Endesa 2013. Cerca de 500 profissionais de todo o Brasil devem participar dos debates sobre vigilância epidemiológica, previsão, controle e erradicação de doenças entre outros assuntos fundamentais para a sanidade animal no Brasil e no mundo.