O mundo vive um novo ciclo. De expansão, tecnologia e sustentabilidade. Onde plantar e colher, comprar e vender está além de economia e rentabilidade. É abastecimento e segurança alimentar. E para discutir este novo cenário, para ser competitivo nesse novo ambiente, o Brasil chama o mundo ao debate. Vem aí o 1º Fórum de Agricultura de América do Sul (www.agooutlook.com), evento único, em formato e parcerias, idealizado a partir da necessidade de se discutir as tendencias do agronegócio globalizado, mas balizadas pelo lado da oferta, que ganha relevancia e expressa potencial singular a partir dos países sul-americanos. Dias 21 e 22 de novembro, Foz do Iguaçu, no extremo Oeste do Paraná, vai reunir representantes de todos os elos da cadeia para tratar do futuro de um setor que amplia sua participação não apenas na economia do Paraná, do Brasil ou da América do Sul, como mundial.
Um ambiente patrocinado pelo Agronegócio Gazeta do Povo e o Conselho Agropecuário do Sul (CAS) que formam uma aliança estratégica, uma parceria inédita que leva para Foz respresentates de varios países e continentes num encontro histórico, na tentativa de antecipar os movimentos do agronegócio mundial. A realização reúne seis países Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia que, juntos, produzem o expressivo volume de 156 milhões de toneladas de soja, 103 milhões de toneladas de milho e 33 milhões de toneladas de carnes. O grupo também é o primeiro exportador mundial do complexo soja (grão, farelo e óleo) e lidera os embarques de açúcar; etanol; carne bovina e de frango; café; suco de laranja; uva; e mel.
Esse novo ciclo, que coloca a América do Sul em evidência, surge com o aumento da população mundial, assim como do poder aquisitivo dessa população, onde oferta e demanda impõem novas regras à produção e ao comércio internacional, de um agronegócio sustentável, moderno e globalizado. Um ciclo onde ser competitivo não é apenas um diferencial. Mas condição ao desenvolvimento. Um futuro que passa, obrigatoriamente, pelos países sul-americanos, pelo Brasil, pelo Paraná e por cada um dos munícipios brasileiros que direta ou indiretamente tem sua economia impactada pela pauta agropecuária. Mas será que produção e consumo caminham alinhados, que é possível crescer de maneira estratégica e planejada, respeitar e superar os limites implícitos à atividade, às relações e interesses políticos e comerciais que regem o agronegócio?
Acredito que não. Com a especulação mais distante e descolada dos fundamentos, fica difícil crescer de forma planejada, ordenada e em sintonia com a necessidade do mundo em abastecimento, seja para fins de alimento ou energia. Tem ainda o fator clima, variável cada vez mais ativa e que aumenta a imprevisibilidade e a insegurança na tentativa de traçar tendências e prever esse comportamento inclusive para o ano seguinte, quem dirá para daqui a cinco ou dez anos. De qualquer forma, há sempre uma aposta, sobre o que mundo vai demandar e, por consequência, produzir. O desafio, então, está em ser mais assertivo, o que significa ter mais informação e estar mais conectado, premissas a que se propõem o fórum sul-americano ao propor uma discussão regional em uma perspectiva mundial e de conjuntura do segmento.
E não há outro jeito de se preparar, planejar e direcionar o negócio, no caso o agronegócio, que não seja com informação, posicionamento e estratégia. Porque o ambiente globalizado também é um ambiente hostil e recheado de interesses, alguns legítimos, outros não. Política, economia e soberania transcendem as variáveis dos fundamentos para aliarem-se à especulação. Embora, no final das contas, o que vale mesmo é quem precisa comprar e quem tem para vender. Um cenário onde o Brasil e a América do Sul têm larga vantagem sobre os poucos concorrentes do lado da oferta.
É preciso fazer com que o mundo olhe para o bloco não apenas como mais um fornecedor. Mas como um player fundamental no atendimento à crescente demanda mundial. Assim como é necessário que o os países sul-americanos se posicionem dessa maneira e não abram mão dessa condição. O mundo que compra daqui precisa saber que não está comprando de um simples vendedor. Ele precisa conhecer a força da América do Sul. Saber que Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia respondem juntos por 30% do mercado mundial de grãos, com destaque à soja, onde detém 59% do comércio. Além de 28% do mercado mundial de carnes, sendo 39% do comércio global de frango.
Milho com sotaque chinês
Brasil e China assinaram na semana passada os primeiros acordos comerciais e sanitários que permitem o comércio de milho entre os dois países. No caso, de venda de milho do Brasil para a China. A notícia chega em boa hora, num momento em que a produção do cereal cresce acima da demanda interna e o país precisa encontrar novos mercados ao produto nacional. Antes tarde do que nunca, lembra o velho ditado. Mas não vamos esquecer que a negociação dura mais de anos e que essa relação poderia ter sido estabelecida há tempos, garantindo maior liquidez ao milho brasileiro, uma produção que se aproxima das 80 milhões de toneladas/ano para um consumo de pouco mais de 50 milhões de toneladas. A abertura do mercado chinês e a entrada das usinas de etanol de milho no Centro-Oeste acendem a luz no final do túnel para estruturar e tornar sustentável a produção do cereal no Brasil.