Se fosse um país, World of Warcraft seria maior que Portugal em população e teria uma arrecadação mensal de R$ 1,2 bilhão. Diferentemente do país europeu, afundado numa crise financeira e política, o jogo da Blizzard, considerada a produtora mais rentável do mundo, nada de braçada. E a tendência, com o recente anúncio do lançamento oficial em terras brasileiras, é que a base de 12 milhões de assinantes seja ampliada ainda mais. É para se impressionar mesmo.
A Blizzard praticamente nunca errou um alvo. Quase todos os jogos lançados caíram nas graças da crítica e do público. Quando resolveu entrar no mercado dos RPGs on-line, em 2005, já era venerada pelas séries Starcracft e Diablo. O culto ajudou a criar uma base rápida de jogadores que construíram a maior comunidade gamer da atualidade. World of Warcraft uniu a qualidade em fabricar jogos da empresa com o "boom" dos negócios pela internet. São números tão impressionantes que chegaram a chamar a atenção do Banco Mundial, que sugere que o game pode ajudar a distribuir renda entre os países.
World of Warcraft é um vasto mundo povoado por seres estranhos, parecido com o criado por J.R.R.Tolkien, com elfos e anões. O jogador pode escolher entre diferentes personagens, com mais de cem combinações, e sair pelas planícies para aumentar sua experiência. O objetivo é desenvolver o personagem até o limite, tornando-o muito mais forte do que o dos adversários. Além disso, pode-se adotar estratégias em grupo para se manter vivo por mais tempo.
A ideia, não tão inovadora assim, foi ampliada com inclusão de diversos itens raros, que ajudam no dia a dia do avatar. Alguns são tão difíceis de encontrar que acabaram se tornando objetos disputados em leilões do mundo real. Neste círculo, a vida dentro do RPG acabou se misturando com a economia. Um jogador mais preguiçoso poderia, mesmo a negociação sendo vetada pela produtora, comprar itens raros conseguidos por terceiros. Existem perfis que chegam a custar R$ 15 mil no mercado negro.
Foi o suficiente para denúncias de trabalho escravo aparecerem. Jogadores de países desenvolvidos montaram escritórios na China para que trabalhadores mal remunerados passassem 15 horas na frente de um computador minerando ouro (sim, tem minas virtuais também). Diante do cenário, o Banco Mundial realizou um estudo propondo que o método, se adotado de forma justa, poderia ser uma alternativa para distribuir renda.
Este cenário agora poderá ser experimentado pelos brasileiros. Na semana passada, a Blizzard anunciou o lançamento oficial. Segundo a empresa, foram traduzidas mais de 4 milhões de palavras e 17 mil arquivos de áudio foram redublados para o português. Mas o mais importante: agora os jogadores brasileiros terão servidores locais e poderão fazer assinaturas mensais, mais baratas que de outros mercados. Não foi estipulado uma data para o começo da operação, somente que estará disponível até o fim do ano. O pacote básico custará R$ 29, que incluirá o jogo original, uma expansão e um mês de acesso. A mensalidade custará R$ 15, valor que pode diminuir conforme a quantidade de meses contratados. O pacote de seis meses, por exemplo, custará R$ 78. Os brasileiros também terão suporte em português via telefone, e-mail e chat.
Que a Blizzard sabe ganhar dinheiro não há dúvidas, mas a atenção, mesmo que tardia, para um dos maiores mercados do mundo deveria servir de exemplo para os concorrentes, como Sony, Microsoft e Nintendo, que continuam mantendo preços elevados e conteúdo on-line pífio por aqui.
Corte
Com as vendas muito longe do esperado, a Nintendo anunciou na semana passada que cortará o preço do 3DS em um terço. A partir de 12 de agosto, o portátil deixará de custar US$ 249 e poderá ser comprado por US$ 169. "Para quem estava na dúvida se comprava um Nintendo 3DS, eis aqui uma grande motivação para comprar agora", disse Reggie Fils-Aime, presidente da Nintendo of America, em comunicado oficial. Quem pagou o preço antigo terá como consolo a possibilidade de baixar gratuitamente 20 jogos diretamente da loja on-line. Só para registrar: no Brasil o mesmo aparelho é vendido oficialmente por R$ 1.199.
Opinião dividida
A vida não está fácil para a Nintendo, além de ter que reduzir o preço do 3DS para tentar melhorar as vendas, o Wii U, que só chega no ano que vem, está dividindo a opinião dos consumidores, o que não é lá muito comum neste setor. Segundo recente pesquisa da revista Famitsu, 38,3% dos japoneses entrevistados afirmaram ter "boas impressões" do produto anunciado na E3. Para 33,7%, o videogame não deixou uma boa impressão. Já os 28% restantes se consideraram indecisos. Uma das maiores reclamações apontadas foi o próprio nome do aparelho. Apesar de aprovarem o potencial gráfico, muitos acharam que se trata apenas de uma atualização do Wii.