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Ofensiva global

Com poucas e boas novidades, novo Counter-Strike é um remake em alta resolução do clássico que popularizou o embate de terroristas contra antiterroristas | Fotos: Divulgação
Com poucas e boas novidades, novo Counter-Strike é um remake em alta resolução do clássico que popularizou o embate de terroristas contra antiterroristas (Foto: Fotos: Divulgação)

O despacho da sentença que proibiu a comercialização de Counter-Strike em todo o Brasil em 2008 era bem claro: "os jogos de computadores atentam contra os princípios da educação de crianças e adolescentes, vindo mesmo a causar-lhes danos à saúde física e mental, sendo fatores de propulsão à violência e deturpadores da formação psicológica e da personalidade de crianças e adolescentes". A Justiça estava chocada com uma fase específica que se passava no Rio de Janeiro, que retratava uma operação policial envolvendo traficantes. A denúncia do Ministério Público Federal explicava ao juiz que "traficantes sequestram e levam para um morro três representantes da ONU. A polícia invade e é recebida a tiros". Como a Justiça não especificou uma idade, a venda foi proibida para todos.

Mas, como em muitos casos, a Justiça estava com uma visão pouco nítida do cenário. O epicentro da polêmica, a fase Rio, nem fazia parte do jogo. Era um "mod", uma modificação feita por usuários.

Existem milhares delas espalhadas por aí. Na verdade, cada um pode criar a sua. O que a Justiça proibiu, e teve que reformar a decisão um ano depois, foi o uso do papel para que se evitasse que nele fosse escrito algo que pudesse ser criminoso.

Quando Counter-Strike: Global Offensive foi lançado na semana passada quase passou desapercebido. Houve pouca pré-divulgação. O novo jogo da produtora Valve pegou todos de surpresa. E trouxe momentos de nostalgia. O primeiro CS, lançado em 1999, se tornou um marco na indústria. Redefiniu o gênero FPS a ponto de se tornar quase um esporte (da mente, claro). Era perfeito em balanceamento de personagem e no uso de armas. Os jogadores se especializavam em mapas icônicos, como de_dust, com estratégias que realçavam as habilidades de cada um.

Hoje, a maioria dos jogos de tiro usa esquemas semelhantes: se proteger e avançar. Em CS, não. Cada cenário precisava de uma movimentação específica. Cada arma tinha um propósito. Também era preciso montar times. Estas equipes tinham que treinar e, na rebarba, acabaram criando a cultura das "lans party". Imagine um monte de marmanjos levando seus computadores para um mesmo lugar. A conta de luz subia para o nível "hardcore". CS também foi um dos motores da popularização das lan-houses no Brasil. Uma marco na cultura gamer, mesmo a Justiça considerando que ele afetava "diretamente a estrutura psicológica dos jogadores, distorcendo valores socialmente exaltados, valorizando, ao contrário, aqueles que devem ser repugnados por toda a sociedade, tidos pelo ordenamento jurídico como ofensivos".

Global Offensive é quase um remake em alta resolução do clássico que popularizou o embate de terroristas contra antiterroristas. Mantém todas principais qualidades do jogo, com muito refinamento técnico e poucas e bem-vindas novidades, como novos mapas, aumento do arsenal disponível e novas texturas de antigas fases. Um novo modo de desafio permite que o jogador avance somente usando uma sequência específica de armas, começando pela mais letal delas. A cada inimigo abatido, o jogador recebe "downgrade" até ficar apenas com uma faca. A nova versão promete incentivar ainda mais a criação de modificações. A Valve disponibilizará em alguns dias uma ferramenta específica para isso. Será que o Brasil está preparado para um Rio 2?

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