Ficha técnica
Red Steel 2
Plataforma: Wii
Produtora: Ubisoft
Categoria: FPS
Preço: R$ 199
Pró: Aumento de sensibilidade nos controles de movimento
Contra: Não entrega o que promete
O Nintendo Wii foi paradigmático no mercado dos jogos eletrônicos ao introduzir como padrão o controle de movimentos. A gigante japonesa apostou num mudança radical ao abandonar os joysticks com dezenas de botões e tornar a experiência mais natural. Caso clássico são os jogos de esportes, como o tênis, em que os movimentos do jogador se aproximam dos usados com uma raquete real. Com o tempo, notou-se que a promessa foi maior que o produto que chegou às prateleiras. Os mais experientes começaram a notar que a mudança não era tão revolucionária e que muitos comandos eram quase tão mecânicos do que o apertar de um tradicional botão. Para consolidar a liderança nas vendas, a Nintendo acabou lançando um acessório que prometia, mais uma vez, tornar a interação homem-máquina muito mais natural. O Wii Motion Plus, que deve ser conectado na base do controle original, daria, agora sim, uma resposta 1:1. Isto quer dizer que qualquer mudança de posição do controle seria percebida pelo sistema.
O lançamento foi feito com certo estardalhaço, como é comum na indústria. Mas a adoção pelas grandes desenvolvedoras foi extremamente tímida. Muito poucos jogos foram criados para fazer uso do acessório. Um deles é Red Steel 2, que chegou ao mercado no mês passado cercado de expectativa. Será que o Motion Plus realmente vale o investimento e melhora a experiência?
Primeiro, é bom ressaltar que RS2 não tem quase nada do seu antecessor, lançado pela Ubisoft em 2006, na mesma época em que o Wii debutava, e que foi considerado um fracasso pela crítica e público. Todo o jogo foi refeito com uma nova mecânica, já pensada para ser explorada pelo Motion Plus. A história se passa num mundo alternativo que lembra os filmes de velho-oeste americano, mas com muitas espadas. Algo como Ashes of Time, do diretor Wong Kar Wai, que mistura bangue-bangue com espadachins. A direção de arte foi feita com competência e conseguiu passar a sensação de uma cidade desolada no meio do nada. Um lugar onde não existe lei, exceto a do mais forte, ou do mais rápido. O jogador encarna um ronin, espécie de samurai maldito e solitário, que precisa livrar a cidade do domínio de um clã rival. Duas armas são essenciais para o combate: pistola e espada. A primeira é usada de forma convencional, mira-se e dispara-se. Com a espada, no entanto, é que se pode observar se o Motion Plus dá alguns passos na evolução da jogabilidade.
Em geral, a expectativa era que fosse possível, pela primeira vez, que a espada pudesse ser 100% movimentada de acordo com os gestos dos usuários. Por exemplo: se num combate o jogador quisesse desferir um golpe em forma de "Z", no melhor estilo Zorro, na tela deveria se ver uma ação idêntica. Com isso, abririam-se as portas para que o avatar pudesse realizar uma variação infinita de movimentos. Algo parecido com um simulador de lutas de espadas, se um dia ele tivesse existido.
De fato, Red Steel 2 cumpre parte da promessa. A precisão dos controles é muito maior que a encontrada em outros títulos do mesmo gênero. Na maior parte das vezes, os golpes desferidos respeitam a intenção do usuário. Com o uso nota-se, entretanto, que nem tudo está sendo seguido à risca. Segundo o diretor criativo da Ubisoft, Jason Vandenberghe, uma ação que simulasse uma espada real não seria tão divertida. "Qual a sua real habilidade em uma luta de espadas? Pois eu não sou muito bom e penso que a maioria dos jogadores também não é", declarou ao site oficial da produtora. A justificativa do diretor até faz algum sentido, pois mesmo não representando fielmente os movimentos, o jogador já tem que suar bastante para avançar de fase.
Mesmo sendo uma escolha dos desenvolvedores e não uma limitação técnica, Red Steel 2 não entrega tudo o que prometeu durante a campanha de lançamento. Assim como o Motion Plus também não pode, ainda, ser considerado um acessório fundamental, que traga uma evolução necessária na jogabilidade. Pode ser que a limitação não seja mais tecnológica e sim dos jogadores, que não possuem capacidade para dar tudo o que seria necessário. Neste caso, ser hábil com espadas.