Ficha técnica
Scott Pilgrim vs. The World
- Plataforma: PS3
- Produtora: Ubisoft
- Categoria: Plataforma
- Preço: R$ 20
- Pró: Revira o velho para fazer o novo
- Contra: Problemas de movimentação
Segunda semana seguida que este colunista analisa um jogo disponível em lojas on-line e que não tem uma versão em suporte físico (DVDs, Blu-rays, CDs...). O fato pode ter dois lados claros: os games produzidos de forma independente estão ganhando atenção do mercado ou as grandes produções estão em franco declínio. Ou os dois. Certo é que Scott Pilgrim Vs The World: The Game, assim como Limbo, analisado na semana passada, é uma grata surpresa que mostra como boas ideias bem executadas chutam para longe a onda de pieguice que assombra a maioria dos jogos "blockbusters".Além disso, o lançamento é um bom exemplo de um produto cultural "crossmedia" dos novos tempos. Nasceu nos quadrinhos, está fazendo fama nos videogames e chegará ao cinema. Não é um jogo baseado em quadrinhos, muito menos o filme, a ser lançado no Brasil nos próximos meses, é baseado em games, como os péssimos exemplos de Resident Evil ou Street Fighter. As referências se misturam a tal ponto que uma das poucas conclusões que se pode chegar é que, desde o início, o objetivo era atacar em várias frentes. Resultado: um HQ bem acabado, um jogo sensacional e aposta de um filme interessante.
Já conhecida pelos HQs homônimos publicado no Brasil pela editora Quadrinhos na Cia., a história de Scott Pilgrim abusa de referências da cultura nerd, gamer e "moderninha" para criar um enredo impossível, porém contemporâneo. Um jovem músico tem a vida virada de cabeça para baixo após se apaixonar por uma garota-problema. O que impede a consumação da relação são os sete ex-namorados dela, que tentarão de tudo para evitar que os dois protagonistas fiquem junto. Como os produtores resumiram, é uma história de beijos e socos.
A primeira impressão, e que não dura por muito tempo, é que estamos na frente de um datado jogo de plataforma no estilo "beatup" (destrua todos os inimigos que aparecem na tela). Mas é só começar a aparecer as explícitas citações de Final Fight, Mega Man, Sonic e Ninja Gaiden que a sensação muda. Trata-se de um jogo novo, criativo e com uma enorme carga de nostalgia. Com boa dose de dificuldade pouco comum hoje em dia e que pode afugentar os jogadores mais casuais e visual "retrô" inspirados em fliperamas e consoles da geração 16-bits, Scott Pilgrim se destaca por não ficar preso às antigas jogabilidades. Ao contrário de Double Dragon, uma das principais inspirações da Ubisoft, a ação é entrecortada por diversos pequenos desafios, entres eles têm até uma disputa de guitarra no melhor estilo Guitar Hero.
Apesar de parecer feito especialmente para os fãs de fliperamas dos anos 90, deve conquistar quem nunca comprou uma ficha. Os sete ex-namorados são, evidentemente, os "chefões de fase". Cada um com diversos superpoderes e inspirados em clássicos inimigos. O desafio pode ser compartilhado com até quatro jogadores locais, tornando ainda mais frenética a movimentação de personagens nas telas. Além de Scott, pode-se escolher a namorada, Ramona Flowers, e mais dois amigos: Kim e Stills. Os quatro personagens também podem compartilhar energia e itens coletados, fazendo com que os mais fracos tenham alguma sobrevida. O ponto negativo é não poder disputar partidas on-line.
E não é apenas na direção de arte que Scott Pilgrim abusa das referências antigas. A trilha sonora foi inteiramente composta pela banda americana Anamanaguchi, conhecida por fazer músicas "chiptune punk". Traduzindo: usam um Nintendo 8-bits e um Gameboy hackeados para fazer um som sujo e extremamente datado. Depois de algum tempo, a conclusão é que Scott Pilgrim Vs The World: The Game é um jogo com um ótimo custo benefício se comparado com outras produção. Por cerca de US$ 10 o jogador poderá desfrutar muitas horas de diversão com um produto coeso e bem acabado.