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Recentemente li uma reportagem que me fez refletir. A notícia era sobre um estudo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Neste estudo foi mostrado que a taxa de desemprego entre os jovens (faixa entre 15 e 24 anos), no mundo, poderá chegar a 12,8% em apenas cinco anos. Todavia, em alguns países como a Grécia e a Espanha, esse porcentual já ultrapassa 50%. Na América Latina, a projeção é que 13,6% estejam desempregados em 2018. Desses – e aqui há outro dado interessante –, 11,2% são homens e 17% são mulheres da faixa etária citada. Agora me pergunto: O que os jovens estão fazendo para mudar esse cenário? E em que aspectos o jovem pode estar deixando a desejar para causar tamanha exclusão?

Antes de tudo, acredito que quanto antes houver preparação e direcionamento correto da carreira, maiores serão as chances de empregabilidade no futuro. Mas nem todos buscam essa preparação – a minoria, eu diria. Conheço inúmeros profissionais recém-formados que estão descrentes com o futuro das suas profissões por não terem conseguido se inserir no mercado após receberem seus diplomas. O que acontece na maioria dos casos de insucesso desses profissionais é que a sua dedicação à universidade acaba sendo maior do que a sua "preparação" para o mercado.

Em outras palavras, muitos jovens estão se preocupando apenas em possuir uma formação acadêmica e estão deixando de lado outros conhecimentos e experiências igualmente importantes. Não que possuir uma formação acadêmica não seja fundamental, obviamente é. Porém, no contexto que estamos vivendo, possuir uma faculdade no currículo já não é mais considerado um diferencial entre os profissionais, e sim uma trivialidade.

O que quero dizer também é que a instituição de ensino muitas vezes deixa a desejar no que diz respeito a preparar o aluno para efetivamente aumentar suas chances de se empregar. Não desejo criticar aqui a qualidade do ensino técnico – pois essa é a base para que, após conquistar uma oportunidade, ele se mantenha no emprego –, me refiro a despertar a verdadeira consciência do que é carreira, do que é estar à deriva na vastidão do mercado de trabalho. Isso significa falar mais sobre comportamento e ética profissional, sobre desenvolvimento e planejamento de carreira, sobre inserção no mercado, sobre empreender, sobre networking.

Acredito também que isso esteja além das semanas acadêmicas. Esse tipo de conteúdo não é algo que deve ser visto "en-passant", em uma hora ou poucas palestras. As semanas acadêmicas e eventos podem, sim, servir como gatilhos e catalisadores para o jovem, mas esse tipo de ensinamento deve estar incorporado à missão da instituição como formadora de profissionais que servirão a sociedade. Se há algo que toda instituição deseja de verdade ver é, após seu egressos investirem dezenas de milhares de reais na formação, vê-los empregados.

Entretanto, a instituição de ensino também não pode fazer tudo pelo aluno, e ela tem razão quando diz que o interesse deve vir do graduando, já que várias oferecem cursos, matérias optativas, núcleo de estudos e extensão, parceria com empresas de estágio, programas de intercâmbio etc. E esse é o segundo ponto: talvez uma das maiores carências desses jovens profissionais seja a falta de iniciativa e interesse. Não possuir essa competência pode impedir o desenvolvimento de várias outras habilidades e oportunidades – que são oferecidas, muitas vezes gratuitamente, no próprio câmpus. Isso vai desde a criação de uma rede de contatos – com professores e colegas inicialmente – aos outros exemplos citados. Isso tudo interfere na iniciação do profissional em seu ofício, atrasa o início de sua vida profissional.

A rotatividade dos estudantes nas empresas é outro problema. É comum jovens trocarem de empresa em busca de uma bolsa-auxílio maior. O problema é que, nessas transições, podem acabar perdendo oportunidades que acabariam ganhando no longo prazo, como uma efetivação, a participação em um grande projeto ou a compreensão mais completa de sua futura carreira.

Obviamente não podemos generalizar, mas o que percebo nos aconselhamentos é que os estudantes que fazem estágio ou que participam de projetos da faculdade e atividades extracurriculares se mostram mais preparados às situações corriqueiras que encontrarão no mundo dos negócios do que aqueles que desfrutam apenas dos conceitos teóricos.

Outra habilidade escassa no currículo dos jovens é a proficiência em outras línguas. Isso me assusta um pouco. Com a internet, temos acesso a um mundo totalmente conectado. Posso até dizer que nunca foi tão possível e barato aprender outros idiomas como agora. Há inúmeros sites que proporcionam cursos online gratuitos, e universidades que oferecem excelentes cursos por preços muito menores. Exemplo: Há menos de um mês li que o Ministério da Educação colocou no ar um portal chamado Francoclic, exclusivamente dedicado ao ensino do idioma francês, totalmente de graça, com vídeoaulas, exercícios etc.

Não podemos nos esquecer de outros cuidados que esses jovens profissionais devem ter para conseguir uma melhor colocação. Estabelecer bons relacionamentos, como mencionei anteriormente, é um dos maiores "segredos" para adentrar o mercado de trabalho.  A imagem pessoal é outro aspecto que o jovem deve considerar – desde sempre. Percebo que muitos estagiários e assistentes não dão importância para a vestimenta, ou para pensar em soluções e inovações.  Muitos pensam de maneira quadrada: "Sou apenas um estagiário". Ao pensar dessa maneira, consequentemente, as pessoas também o enxergarão com essa limitação, impedindo, subjetivamente, seu desenvolvimento na empresa.

Na comparação com a faixa etária restante, a situação dos jovens no mercado de trabalho segue desvantajosa. A experiência é o que mais pesa na balança, mas não podemos esquecer que os profissionais mais "frescos" também possuem algumas particularidades bastante positivas como, por exemplo: a motivação, a espontaneidade, a capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, especialidades que alguns profissionais experientes acabaram perdendo com o tempo e que fazem falta em algumas gestões mais experientes. Possuir uma equipe balanceada com funcionários jovens e também os mais experientes é uma estratégia que tem se mostrado boa.

Por fim, posso dizer que as empresas também podem procurar melhorar seus treinamentos e as maneiras que mensuram os resultados desses jovens colaboradores para extrair, de vez, o que eles têm de melhor.

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