Não é segredo pra ninguém que uma empresa só progride quando nela são investidos recursos capazes de lhe dar retornos financeiros satisfatórios para o caixa da empresa. Aliás, qualquer administrador sabe disso. Ou melhor, nem todos. Juarez era um que parecia não saber. Diretor da empresa que seu pai fundou, seu parentesco foi o trampolim para chegar aonde chegou. Assumiu muito cedo uma coordenação dentro da empresa do pai e só não chegou à vice-presidência porque esse posto já havia sido ocupado por seu irmão mais velho. Aliás, devo ressaltar que a vice-presidência era algo realmente falha naquela empresa, ficando todas as decisões sob a responsabilidade da diretoria.

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Juarez possuía algumas características fundamentais de um líder. Tinha pulso nas decisões, não titubeava perante clientes, colaboradores ou concorrentes e apresentava um tino muito bom para identificar bons negócios. Era um bom orador, representando muito bem a empresa em entrevistas, eventos e palestras. Porém, no quesito investimentos internos, Juarez parecia ter um cabresto que o impedia de enxergar a infinidade de possibilidades e necessidades a sua volta. E, o que era pior, acreditava que seus funcionários estavam bem exatamente daquele jeito em que eles se encontravam, não se importando com políticas de cargos e salários, muito menos com treinamentos para a melhoria de suas competências.

O "inferno astral" de Juarez se iniciou quando, por falta de reconhecimento financeiro adequado, um de seus principais executivos pediu demissão para ir em busca de novos desafios profissionais. O executivo alegava remuneração inadequada, más condições de trabalho e incompatibilidade de funções. Juarez, por sua vez, sabia que aquele profissional era o que possuía o melhor salário da empresa e não entendia como que ele podia alegar tal absurdo. Negando-se a dar o reajuste solicitado, abriu mão do profissional, deixando que ele fosse embora, sem oferecer sequer uma contraproposta.

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Com a saída do tal executivo, toda a equipe liderada por ele ficou abalada. Sem um chefe, o grupo começou a apresentar quedas drásticas em seu desempenho. As metas deixaram de ser alcançadas e cada um deles começou, aos poucos, a demonstrar insatisfação em relação à empresa. Entendendo a importância de conseguir um líder praquela equipe, Juarez resolveu fazer uma promoção interna. Dentre aqueles funcionários, procurou o que possuía perfil mais semelhante ao que ele considerava ideal para gerir o setor. Porém, ao identificar o felizardo, ofereceu a promoção com um reajuste salarial quase insignificante. É claro que os olhos do "quase novo líder" não brilharam e o convite foi recusado. Sem entender o que estava fazendo de errado, Juarez se dispôs a conseguir outro profissional que pudesse suprir as necessidades da empresa.

A segunda opção de Juarez foi uma jovem muito autêntica. Judite aceitou o convite, mesmo sabendo as dificuldades que enfrentaria pela frente. Porém, como primeira mudança sob sua gestão, propôs reajuste salarial para todos os funcionários de sua equipe. Mostrou, através de pesquisas e algumas ferramentas de avaliação que os salários de todos os seus funcionários estavam defasados e que, se algo não fosse feito imediatamente, eles perderiam talento por talento. Juarez relutou o quando pôde, achando todo aquele discurso de Judite um completo absurdo. A moça, por sua vez, com uma visão de futuro muito boa, explicou que, além dos reajustes salariais, outras providências precisariam ser tomadas, como a compra de novos equipamentos e treinamentos contínuos aos colaboradores. Juarez mostrava certa pontinha de interesse no que a moça dizia, porém, relutava o tempo todo, não achando possíveis tais dispêndios de capital.

Após alguns meses, e a muito custo, Judite conseguiu, enfim, convencer o Diretor. O primeiro grande feito foi o reajuste salarial que causou uma revigorada quase instantânea na equipe. Seus funcionários voltaram a mostrar resultados e já não ameaçavam deixar a empresa como vinham fazendo há algum tempo. O segundo feito de Judite foi a instituição de um Comitê T&D (treinamento e desenvolvimento) patrocinado pela empresa. Com periodicidade mensal, todos os funcionários passavam de um a dois dias em treinamentos diversos. O resultado, é claro, foi a melhoria impressionante na otimização de utilização dos recursos humanos da empresa. E, por fim, Judite conseguiu provar que as políticas de cargos e salários eram fundamentais para um bom funcionamento. Remunerações justas e definição clara de escopos de trabalhos foram as armas mais certeiras da moça que, em pouco tempo, conseguiu melhorar seu próprio salário e de funcionários que nem estavam sob suas responsabilidades.

Com o tempo, Juarez passou a entender que quanto mais investia na empresa e em seus funcionários, mais retorno ganhava. Aos poucos, a empresa foi se expandindo e, quanto mais crescia, mais o Diretor investia na qualificação de seus funcionários e nas condições de trabalho dos mesmos.

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