A vida é mesmo repleta de surpresas, dizem – e de fato acredito que seja. Alguns nascem já sabendo qual é a sua vocação e, consequentemente, o que querem fazer na vida. Outros precisam passar por diversas experiências para se decidir e tomar uma posição. E não há nada de errado nisso. Minha colega de hoje passou por algumas mudanças substanciais na vida pessoal e profissional para chegar aonde se encontra hoje. E é claro que ela nunca havia pensado que um dia trabalharia com isso.

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Tudo começa nos estudos, é claro. Ruth cursou Magistério e deu aulas por algum tempo. Como sua habilidade nata não estava no ensino, começou a cursar Administração e logo conseguiu um estágio na área financeira. Trancou a faculdade, foi para uma fazenda nos Estados Unidos aprender inglês e, em Chicago, fez uma especialização. De volta ao Rio, concluiu a faculdade e reiniciou suas atividades profissionais como trainee em uma instituição financeira que mais tarde a contrataria como trader de metais e câmbio. Já em Curitiba, assumiu a gerência de um banco.

Sua rotina era baseada em negociações, compras, vendas, notícias, especulações e flutuações do mercado financeiro. Negociava metais raros como ouro e platina, além de moedas de câmbio e moeda nacional. Depois de duas filhas, uma gravidez dupla – estava grávida de gêmeas – e a licença-maternidade a fizeram repensar a trajetória da carreira. O mercado movimentado e globalizado do qual dependia para trabalhar deixava somente um dia na semana disponível para descanso. Aos domingos, as bolsas asiáticas já estavam abertas e, nas sextas, enquanto a bolsa paulista fechava, outras ainda operavam – e aí por diante.

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Faltava um material tangível e algo que fizesse mais sentido em sua vida. Ela queria ver o destino final das negociações que fazia, além dos efeitos que elas teriam. No entanto, mais uma reviravolta em sua vida aconteceria. Durante a licença, a instituição em que trabalhava foi liquidada. Como precisava de mais tempo e dedicação às quatro filhas, abriu uma loja de patchwork. Quatro anos no comércio foram suficientes para descobrir que seu ritmo de vida não era aquele. Ao se candidatar a uma vaga de trabalho e ser entrevistada por uma empresa de recursos humanos, ela fora convidada a trabalhar naquela mesma empresa como uma consultora associada.

A nova colocação deu certo. Os 20 anos de experiência em negociações e diálogos com pessoas de altos escalões encaixaram perfeitamente nas entrevistas e huntings que realizaria na consultoria – que trabalha justamente com esse público-alvo. Com o destaque no setor, Ruth foi convidada a assumir a direção de uma das unidades da empresa dois anos após ter começado como consultora. Agora havia encontrado um trabalho que satisfazia suas convicções próprias, além das financeiras, profissionais e, claro, pessoais – arranjou tempo para a família em uma profissão e um mercado que lhe permite respirar melhor e ter uma vida mais feliz. E é claro que ela nunca havia pensado que um dia trabalharia com isso.

Por isso digo que a vida dá voltas. Descobrem-se novos caminhos para ela a todo o momento. Uns podem mudar porque a vida delas simplesmente mudou, outros por terem se cansado de suas profissões. São muitas as variáveis que podem compor uma causa para a mudança na carreira. Independentemente disso, é importante saber adequar suas habilidades e qualificações para a nova tarefa que for desempenhar. Seja por meio de cursos, treinamentos, ou até, se necessário, regredindo alguns cargos para se reinserir no mercado. O importante é encontrar algo que satisfaça suas convicções em todas as esferas em que se está inserido. Pois antes de ser um profissional bem sucedido, o que sempre digo e coloco antes de qualquer coisa é: esteja sempre satisfeito e feliz com aquilo que faz.

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