Todos andaram ouvindo muito nos últimos meses sobre a dificuldade na contratação de profissionais qualificados. É o tão chamado "apagão de talentos". O crescimento vertiginoso de muitas companhias no Brasil criou verdadeiros buracos dentro das companhias e, para preenchê-los, a caça à concorrência ficou acirrada, nos mais diferentes níveis hierárquicos e ramos de atuação. Mas quando não há mais profissionais disponíveis, o que fazer? Buscar em outra cidade, ou até mesmo em outro estado.

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A mudança de estado do profissional é o que me faz escrever hoje, e conto o caso de um amigo que admiro muito. Isso aconteceu há algumas décadas, quando não havia internet ou teleconferências, só telefones de disco com centrais cheias de telefonistas e serviços de correio com tempo de entrega muito maior que o de hoje. A empresa em que Mateus trabalhava iria adotar uma série de mudanças, criadas por ele, em várias filiais do Brasil. Mas ele ainda não sabia disso – muito menos sua esposa, Elza.

Mateus estava em um cargo de média hierarquia, aspirando aos cargos maiores, até que um dia foi promovido. O superior Tiago, junto com a novidade, deu-lhe também a primeira missão: morar em Recife, por tempo indeterminado, para implantar os processos que ele criara na filial curitibana. Elza recebeu a notícia com entusiasmo, apesar da mudança. E lá foram eles. A empresa subsidiaria os custos da mudança, além de cobrir, por um pequeno período, parte dos custos enquanto o casal procurava uma residência para alugar. As crianças entraram, então, em uma escola local, e ele dava duro no novo cargo.

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Um ano após ter se acomodado, o superior Tiago, ao visitar a filial em Recife e averiguar toda a situação e conclusão do trabalho feito por Mateus, deu-lhe outra notícia: precisavam de seu trabalho em outro lugar: desta vez, o Rio de Janeiro. Não seria promovido, faria o mesmo que foi feito em Recife, mas o salário seria aumentado em algumas boas faixas.

O processo se repetiu, mas desta vez Mateus explicou as dificuldades em encontrar e encaixar as crianças em uma escola, assim como as dificuldades da esposa em encontrar um trabalho, e a empresa aceitaram ajudar nisso também. Foram para o Rio: a implantação das estratégias foi um sucesso, sua esposa conseguiu um emprego e as crianças haviam se adaptado bem aos colegas. Tudo ia muito bem.

Tiago, porém, havia sido promovido, e ele queria que Mateus agora ocupasse o antigo cargo dele, mas para isso teria de voltar para Curitiba. Ele aceitou; afinal de contas, voltariam para "casa", finalmente. Elza, porém, estabeleceu uma condição: não sairiam mais de lá. Após irem para Curitiba, mais seis meses se passaram e a empresa pediu que ele fosse trabalhar em Belo Horizonte. Mateus se recusou, e saiu da empresa.

Aceitar mudanças para um bem maior à carreira pode ser muito bom, especialmente em um primeiro momento; no entanto, principalmente para os casados e com filhos, os incômodos de longo prazo podem ser grandes. Na coluna de terça-feira falarei mais sobre esta relação e as principais dificuldades que os profissionais enfrentam na hora de solucionar esse dilema: mudar ou não mudar de cidade a trabalho? Até lá!

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