Todos os pecados capitais podem ser considerados altamente prejudiciais ao desenvolvimento profissional, mas, há um que considero dos mais perigosos, pois não só prejudica a carreira, como pode prejudicar até a saúde do indivíduo, além de fazer com que ele se torne uma pessoa excluída das relações humanas. Falo da ira, um dos piores sentimentos que alguém pode ter por outra pessoa, situações e, às vezes, por si mesmo.

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No ambiente profissional, infelizmente, é muito comum observarmos esse tipo de sentimento aflorando nos colaboradores, devido aos inúmeros jogos de interesses que há nesses lugares. Eu diria, inclusive, que a raiva é uma das consequências da inveja (que falei há algumas semanas), pois a medida que uma pessoa identifica que não consegue alcançar algo que outras pessoas conseguem, ele acaba sendo tomado por uma sensação de impotência e que, consequentemente, gera uma raiva incontrolável. Aliás, esse sentimento só acomete quem não consegue lidar com suas próprias emoções, sejam elas quais forem. A raiva pode nascer de alguma conquista perdida, de uma notícia desgostosa, de uma relação desfeita ou qualquer outra coisa. Basta que a pessoa não goste de algo e, por não conseguir lidar com isso, é tomada por uma fúria.

Infelizmente a ira é um sentimento altamente destrutivo. Quanto mais raiva uma pessoa sente, mais amarga ela se torna. Suas reações muitas vezes podem ser assustadoras e aparentemente incompreensíveis para quem o assiste, sem saber os motivos que o levaram a reagir daquela forma. Normalmente as pessoas que mais demonstram raiva são aquelas que não possuem controle sobre suas próprias ações. É verdade que todos nós sentimos raiva por diferentes motivos, mas a forma com que a encaramos depende do nosso equilíbrio emocional.

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Reparem que as pessoas que se mostram raivosas com fre­­quência são, geralmente, pessoas sofridas. É como se um sentimento completasse o outro: uma pessoa com muita raiva de alguma coisa, tende a, após a fúria passar, ficar extremamente infeliz; assim como, uma pessoa cabisbaixa pode, com o tempo, tornar-se um indivíduo altamente furioso por ter de lidar com tanto baixo astral. Aliás, essas pessoas normalmente não conseguem ver as pessoas à sua volta felizes, principalmente se ele mesmo não é capaz de se sentir assim.

Não é à toa que, infelizmente, muitas dessas pessoas somatizam tanto sofrimento que acabam desencadeando  doenças em si próprias, ou, o que é pior, nas pessoas que estão à sua volta. Algumas doenças já são consideradas provenientes do alto estresse em que elas vivem e o mais impressionante é que, muitas vezes, a cura dessas doenças vem através do controle desses sentimentos.

No ambiente profissional isso é altamente prejudicial, apesar de alguns estudos apontarem o contrário. As relações entre colaboradores tendem a ser mais difíceis quando um dentre eles é uma pessoa "estressada". O clima organizacional fica carregado e as pessoas se sentem pouco à vontade por saber que o colega pode "explodir" a qualquer momento. Pior ainda se o chefe for o furioso. Parece que a qualquer momento uma bomba pode estourar e colocar todos em perigo.

Algumas questões fazem com que as pessoas se tornem mais estressadas no ambiente profissional. Uma delas, a que acredito mais óbvia, é a pressão que sofremos por resultados, prazos e metas. À medida que percebemos que a pressão em cima de nós aumenta, tendemos a ficar mais à flor da pele. Com isso, qualquer mau entendimento se torna motivo de demonstrar nossa ira aos quatro cantos. É como se fosse uma autodefesa, uma forma de desviar a atenção para o que está errado. Exemplo: se um prazo está vencendo e não tenho argumentos para justificar o não cumprimento da tarefa, posso desviar a atenção para um "showzinho" de ira. Entre­­tanto, as pessoas que utilizam esse artifício, normalmente não o percebem.

Mande sua história para coluna@debernt.com.br e siga-me no twitter @bentschev.

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Dicas

Para controlar os impulsos de fúria:

- Sempre que algo ou alguém lhe tirar do sério, respire fundo e conte mentalmente até 10 (ou 100, se for preciso) e evite responder de supetão;

- Antes de responder qualquer desaforo, pense muito bem antes na forma mais inteligente de responder. Respostas bem dadas, desestabilizam um desaforado;

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- Não compre brigas. Se alguém lhe intimar para uma discussão, evite-a. Não vale a pena brigar com colegas de trabalho;

- Existem exercícios físicos e de respiração excelentes para o controle da calma. Se você anda muito estressado, procure o que mais se adapta a seu estilo de vida e o pratique;

- Tente ser mais cordial com as pessoas. Quanto mais simpáticos somos com as pessoas ao nosso redor, menos chances temos de nos estressarmos.

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Teste

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Você está fora de controle? Marque sim ou não conforme a sua concordância com as afirmações abaixo:

1) Elevar o tom de voz ou até mesmo gritar com os colegas (subordinados) é algo que você considera natural, afinal, no dia a dia é comum mostrarmos nossas emoções.

( ) Sim ( ) Não

2) Você considera as pessoas com quem você trabalha muito irritantes. É muito fácil perder a paciência com elas.

( ) Sim ( ) Não

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3) Em sua carreira profissional você tem muitas histórias de discus­­sões e até de brigas  para contar.

( ) Sim ( ) Não

4) Em muitas destas brigas você teve muita vontade de bater no seu "adversário".

( ) Sim ( ) Não

5) Os objetos de seu escritório duram pouco em sua mesa, pois em seus acessos de raiva você costuma descontar neles (jogando-os longe ou quebrando-os)?

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( ) Sim ( ) Não

6) Você percebe que as pessoas têm medo de você e lhe evitam.

( ) Sim ( ) Não

7) Você acredita que uma boa estratégia para ser bem-sucedido na empresa é eliminando as ameaças pelo caminho, inclusive pessoas que possam lhe prejudicar.

( ) Sim ( ) Não

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8) Se algum colega lhe faz algo que não lhe agrada você se vinga na primeira oportunidade.

( ) Sim ( ) Não

9) Você acha normal falar palavrões ou até "xingar" seus colegas durante um desentendimento no trabalho.

( ) Sim ( ) Não

10) As pessoas já lhe disseram que você é muito nervoso.

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( ) Sim ( ) Não

Ao concordar com a maioria dessas frases, é muito provável (quase certo) que você tem pouquíssimo controle emocional no ambiente de trabalho e desconta nas pessoas e objetos. Por isso, as pessoas devem lhe evitar e torcer para se verem livres de você muito rápido.