O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira (15) que o fluxo comercial entre os países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) deve crescer em mais de US$ 10 bilhões neste ano, passando dos cerca de US$ 48 bilhões no ano passado para US$ 60 bilhões.
Segundo o chanceler, o ganho de um ano para o outro se deve à superação da crise financeira global e à boa perspectiva de crescimento dos quatro países.
"Foi cerca de US$ 50 bilhões em um ano de crise. Este ano será cerca de 60 (bilhões), no mínimo. Esse é um número muito expressivo. Se fosse olhar alguns anos atrás, isso era quase o total do nosso comércio exterior", disse Amorim a jornalistas no encerramento de um evento sobre Bric e Ibas (sigla para Índia, Brasil e África do Sul) num hotel da zona sul do Rio de Janeiro.
O ministro lembrou que, no ano passado, a China se transformou no principal parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos.
De acordo com ele, a participação dos Brics no crescimento mundial nos próximos anos será de 61%, enquanto o G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo, deve contribuir com apenas 13%.
"Há uma mudança na balança do poder econômico mundial, e isso se refletirá em outros setores, com certeza", disse Amorim.
Irã
O chanceler reiterou a posição brasileira de busca de uma solução negociada para o impasse entre Estados Unidos e Irã sobre o programa nuclear da República Islâmica. Potências ocidentais, entre elas os EUA, acusam o Irã de buscar a fabricação de armas atômicas, o que Teerã nega.
O Brasil é favorável a uma saída diplomática e Amorim disse que a estratégia brasileira não é de antagonismo a Washington, que defende a imposição de uma nova rodada de sanções ao Irã.
"Não se trata em querer se opor aos Estados Unidos, não é uma confrontação. Nós temos é uma visão que tem sido discutida", disse o ministro ao afirmar que o tema do programa nuclear iraniano deve ser discutido durante as reuniões entre os países do Bric e do Ibas que acontecerão ainda esta semana em Brasília.
"Há diálogos permanentes com os iranianos. O próprio ministro iraniano se referiu a uma diplomacia telefônica com o Brasil. Daí surgiram ideias e possíveis propostas que permitam e dão uma chance ao diálogo. Sou otimista que possa funcionar, porque as alternativas que existem são muito ruins", acrescentou.
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