As medidas de desoneração e de ampliação do crédito anunciadas nesta segunda-feira (29) pelo governo foram bem recebidas pelo comércio, que elevou sua projeção de crescimento para este ano em 0,3 ponto percentual. Segundo o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o setor esperava crescer neste ano 4% em relação ao ano passado. O percentual foi revisto para 4,3% logo após o anúncio das medidas.
Ainda estamos longe de retomar o ritmo de crescimento do ano passado, mas, com as medidas adotadas anteriormente, já prevíamos crescimento de 4%. Com as novas medidas, aumentamos essa perspectiva mais um pouquinho, para 4,3%. E, como as medidas de isenção do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] vão continuar em vigor, esperamos um impacto no comércio de 0,5% até o final do ano, destacou.
De acordo com Bentes, a revisão da expectativa de crescimento de venda se dá em função do mercado de bens duráveis, como automóveis, e de produtos da chamada linha branca, como geladeiras e fogões, beneficiados pela redução do IPI. O comércio também aposta que a ampliação do crédito, sobretudo para pessoa jurídica, terá impacto positivo nas vendas.
Embora, no Brasil, o comércio tenha sentido menos os efeitos da crise que a indústria, o nível de crescimento esperado para 2009 ano está muito aquém do resultado dos últimos anos. Em 2007 o comércio registrou crescimento de 9,7% em relação ao ano anterior. Em 2008, a expectativa até setembro, quando a crise econômica se agravou, era fechar o ano com taxa superior a 10%.
Houve a crise que puxou essa taxa para baixo, lembrou Bentes. Mesmo assim, o setor conseguiu fechar o ano com crescimento de 9 1%. Neste ano, os dados já estão contaminados pela crise, e estamos com uma projeção bem realista de 4,3%, afirmou Bentes. É claro que não é só a questão do crédito que influencia o comércio. Os números do mercado de trabalho estão ajudando, e tem também a questão da inflação, que está razoavelmente sob controle, completou.