Estudo divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) para as vendas no Dia dos Pais, que acontece em 14 de agosto, prevê queda no faturamento de 9,4% no país em comparação à data no ano passado. Apesar da baixa, a celebração movimenta cerca de R$ 4,2 bilhões em vendas no varejo, em todo o país, o que equivale a 5,6% do faturamento esperado para o mês de agosto. As informações são da Agência Brasil.
Este será, segundo a CNC, o pior desempenho desde o início do estudo, em 2004, quando as vendas subiram. O economista da CNC Fabio Bentes entende que a queda replica, de certa forma, o comportamento dos negócios nas últimas datas comemorativas: “É a segunda queda nas vendas da data. Na Páscoa foi assim, as vendas caíram pelo segundo ano consecutivo; no Dia das Mães e no Dia dos Namorados, o mesmo. O Dia dos Pais não vai ser diferente”.
O Dia dos Pais, segundo Bentes, movimenta dois setores importantes do varejo, alimentação e vestuário, que também vão apresentar quedas. Alimentos venderá 3% a menos e vestuário 9,5%. Nem mesmo o setor de perfumaria e cosméticos, que havia apresentado um desempenho relativamente bom no varejo, espera reação positiva das vendas. “Todos os segmentos vão registrar queda nesse Dia dos País”, afirma Bentes.
O varejo está ainda está passando por uma crise muito forte, especialmente devido ao alto preço dos alimentos e do crédito ao consumidor caríssimo, afirma o economista da CNC. A taxa de juros ao consumidor está em torno de 71% e os últimos 12 meses, encerrados em junho, bateu nove recordes de alta.
Diante desse cenário, a CNC prevê que os filhos, na hora de buscar presentes para os pais, vão optar por um valor médio compatível com uma renda mais baixa. Segmentos de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos estão fora do radar, diz Bentes.
Menos vendedores
Outro termômetro que mostra como a data está ruim para o comércio é a contratação de funcionários temporários. A CNC estima queda de 3,7% no número de trabalhadores contratados em relação ao ano passado, menor resultado para a data desde 2012. O economista diz que serão criados mais de 24 mil postos de trabalho temporário no país por causa da data, mas esclarece: “Parece um número muito bom, mas historicamente a contratação de temporários é bem maior”.
Embora as vendas sempre cresçam em agosto, comparativamente a julho, a baixa contratação de temporários é um sintoma de que o próprio lojista não está investindo muito na data e sabe, de modo geral, que o resultado será negativo. A expectativa é que este ano as vendas aumentem 1,5% sobre o mês anterior, mesmo com a crise econômica, porque se trata de um fator sazonal, na avaliação de Bentes.
No Rio de Janeiro
Já o comércio lojista da cidade do Rio de Janeiro demonstra maior otimismo. A pesquisa Expectativa de Vendas para o Dia dos Pais, feita pelo Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL Rio) com 500 lojistas, entre os dias 18 e 25 de julho, revela que a expectativa é vender mais 2,5% no Dia dos Pais, com valor médio por pessoa de R$ 100.
O presidente do CDL Rio, Aldo Gonçalves, pondera que os lojistas se mostram moderadamente otimistas e continuam preocupados com o atual momento da economia, recorrendo a ações para incentivar os consumidores a comprar, como promoções, descontos no total das compras e facilidades de pagamento.
De acordo com a pesquisa, os produtos mais vendidos no Rio de Janeiro para os pais devem ser roupas, calçados, relógios, livros, celulares, artigos esportivos, perfumes, acessórios e vinho. As lojas localizadas na zona norte vão liderar as vendas, com 30,8% do total, seguidas do centro da cidade (26,9%).
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