Tire suas dúvidas sobre a nova lei
Você tem dúvidas sobre as mudanças trazidas pela PEC das Domésticas? Envie a pergunta para o e-mail cintiaj@gazetadopovo.com.br.
A Gazeta do Povo irá consultar especialistas para que as dúvidas sejam respondidas. As questões já esclarecidas podem ser lidas nesta matéria.
A comissão do Congresso que discute mudanças na proposta que ampliou os direitos das empregadas domésticas quer concluir os trabalhos até o dia 1º de maio.
Mesmo sem consenso entre os deputados e senadores sobre os principais pontos da proposta, a comissão fixou o prazo diante dos inúmeros questionamentos de patrões e empregados às mudanças aprovadas pelo Congresso.
Relator da comissão, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que vai apresentar seu relatório com propostas de regulamentação da emenda constitucional no dia 23 de abril. Até lá, o senador prometeu somar sugestões dos colegas ao seu relatório, que vai incluir a redução da multa de 40% do FGTS para as demissões de domésticas sem justa causa e a queda nas alíquotas do INSS recolhidos pelos patrões e empregados.
"No Dia do Trabalho, temos que ter uma sinalização de que essa questão está regulamentada. A ideia é ter uma proposta única, mas vai ser difícil ter consenso", afirmou.
Divergências
A principal divergência entre os parlamentares está na redução da multa de 40% do FGTS. Jucá defende a redução da multa para 10%, mas alguns congressistas consideram que o Legislativo não pode impor percentuais distintos para os trabalhadores brasileiros.
"Essa é uma regra de todos os trabalhadores. Sei que a relação familiar com o empregado não visa lucro, mas há outras instituições que não visam lucro e os empregados têm a proteção dessa regra", disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Integrantes da comissão favoráveis à redução da multa do FGTS argumentam que a mudança do percentual vai evitar que o patrão tenha que penhorar seu imóvel para pagar futuras dívidas trabalhistas com os empregados domésticos --especialmente em casos de demissão em que o trabalhador esteja há mais de 10 anos com a família, o que resultará num elevado valor da multa.
A lei da impenhorabilidade (lei 8.009) prevê a penhora do bem único do patrão quando a dívida se refere a empregados domésticos. Editada em 1990, a lei foi feita para evitar que pessoas endividadas perdessem suas residências em execuções judiciais --mas abre a exceção para dívidas com domésticas.
"Uma multa de 40% do FGTS depois de tantos anos de trabalho pode significar a venda do imóvel da família. Temos que discutir uma alternativa no sentido de proteger a família brasileira que ainda possa dispor desse serviço discutir a redução do passivo oculto", disse o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
Polêmicas
Outro ponto sobre o qual não há consenso é a redução do percentual de contribuição do INSS pelo patrão e empregado doméstico. Jucá defende um percentual de 8% para os dois, mas integrantes da comissão afirmam que o trabalhador doméstico não pode ter perdas depois que o Congresso ampliou os seus direitos.
O argumento do relator é que, ao reduzir o encargo, haverá maior formalização de domésticas. Segundo Jucá, das 7 milhões de empregadas domésticas do país, apenas um terço do total tem emprego formal, com carteira assinada.
"Eu defendo cair de 12% pra 8% a contribuição do empregador (INSS). E a contribuição do empregado, que é de 8% a 11%, eu defendo que caia para 8%. Os outros trabalhadores recolhem 8%", disse Jucá. Também não há consenso na comissão sobre o pagamento de auxílio-creche para empregadas domésticas que tenham filhos pequenos. Enquanto Jucá defende que o benefício seja pago pelo governo estadual ou municipal, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) diz que é "obrigação" do patrão financiar o local onde seu empregado vai deixar seus filhos.
A comissão também vai ter que se debruçar sobre questões trabalhistas não regulamentadas pela emenda constitucional, como a criação de um "banco de horas" entre patrão e empregada para compensar dias em que se trabalha acima ou abaixo das 44 horas semanais estipuladas pela proposta.
O relator também quer regulamentar casos específicos de domésticos como cuidadores e idosos e babás, que normalmente dormem nos empregos. Pela proposta aprovada pelo Congresso, o tempo máximo de trabalho da doméstica é de 10 horas por dia - reunindo as 8 horas obrigatórias, duas horas extras, e outras duas horas de pausa para almoço ou jantar.
"Isso é complicado principalmente para aqueles que residem na casa. Se você tiver emergência à noite e precisar do trabalhador, a lei hoje não permite, nem que você queira pagar hora extra. Como fica os casos de babás que viajam com os patrões no final de semana?", questionou Jucá.
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Teólogo pró-Lula sugere que igrejas agradeçam a Deus pelo “livramento do golpe”
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast