Você pode não perceber, mas muito do que faz durante o dia, seja no trabalho ou para se entreter, depende da nuvem – e não estamos falando aqui daquela cinzenta que, dia sim, dia não, estampa o céu de Curitiba. Atividades hoje quase banais, como assistir a filmes e séries no Netflix, acessar documentos pelo computador ou celular e recorrer a um aplicativo para chamar o táxi só são viáveis devido à computação em nuvem, tecnologia que existe há mais de uma década, mas tem ganhado cada vez mais espaço e relevância. Não à toa, a nuvem movimenta atualmente um mercado bilionário e desponta como a vedete de gigantes como Amazon, Microsoft e Google.
Em resumo, a computação em nuvem é uma forma de armazenamento de arquivos ou serviços na internet. Para o consumidor final, o conceito pode ser ilustrado por plataformas como o Dropbox ou Google Drive, que permitem o acesso a documentos a qualquer momento, de qualquer lugar. Mas são para as empresas, dos mais variados setores, que a nuvem assume um papel estratégico, ao permitir a compra sob demanda de recursos de TI (tecnologia da informação) flexíveis e de baixo custo, sem que seja necessário investir em servidores próprios, caros de adquirir e de manter. Vale, mais uma vez, o exemplo do Netflix: o serviço de streaming desligou, semana passada, seu último data center, e funciona hoje unicamente por meio de servidores virtuais mantidos pela Amazon.
Economia
Estudo da EMC com a McKinsey garante que a utilização da nuvem pode reduzir em até 24% os custos operacionais de TI de uma empresa. A economia real feita “na ponta do lápis” é um dos motivos que tem feito companhias migrarem suas aplicações e dados para a nuvem. Segundo a consultoria IDC, 32% dos gastos das companhias com TI em 2015, em todo o mundo, foram direcionados para a nuvem, porcentual que deve chegar a 46,5% em 2019, diminuindo a fatia do total aplicado nas ferramentas e hardware “tradicionais”.
Mercado
Mundialmente, a Amazon Web Services (AWS), braço de nuvem da gigante do comércio eletrônico, criado há nove anos, detém 31% desse mercado, seguida pela Microsoft (9%), IBM (7%) e Google (4%). Mesmo com a AWS bem à frente, a demanda pelo serviço é tão grande que todas as companhias devem rechear o caixa neste ano: a expectativa é que os serviços na nuvem movimentem um mercado global de US$ 27,4 bilhões em 2016, cifra que foi de US$ 14,9 bilhões em 2014, segundo a empresa de pesquisa Synergy. Outra pesquisa, da IDC, mostra que somente na América Latina os investimentos nos serviços de nuvem terão um aumento de 40% neste ano, chegando a US$ 3,6 bilhões.
“Hoje, em 60 segundos, uma empresa consegue ter um servidor na nuvem. Além disso, o cliente paga efetivamente por aquilo que usa, e só depois de utilizar o serviço. Um projeto de TI que antes levava meses para ser implantado, exigia diferentes fornecedores e um investimento que teria que ser depreciado com o tempo, hoje leva minutos, a um custo variável”, explica o líder de vendas para Brasil e Cone Sul da AWS, Marcos Grilanda.
Emprego garantido
Levantamento do LinkedIn mostra que a familiaridade com a computação em nuvem ficou no topo das 25 habilidades mais procuradas por recrutadores de todo o mundo em 2015. A qualificação nem sequer aparecia no levantamento de 2014, mas passou logo para o primeiro lugar da lista devido à alta procura das empresas e também ao maior número de usuários que passaram a listar a habilidade em seus perfis.
Espaço para todos
Não são só as grandes empresas americanas que querem lucrar com a nuvem. Sediada em Pinhais, a empresa de tecnologia DBMaster faturou R$ 18 milhões ano passado, com os serviços ligados à nuvem sendo essenciais para o resultado. “A nuvem permite que as pequenas empresas compartilhem custos. Conseguimos criar um sistema para nichos de mercado e dar a segurança que os empresários precisam, sem que tenham que contar com um ambiente de TI dentro do negócio deles. Estamos bem no meio de uma transição tecnológica”, afirma o presidente da DBMaster, João Oliveira.
Na boca do povo
Estudo feito pela GfK no ano passado com 26 mil pessoas mostrou que o armazenamento de conteúdos na nuvem é considerado essencial para quase um terço (31%) da população mundial – no Brasil, a taxa passa para 44%. “A necessidade de maior capacidade de armazenamento faz da nuvem uma experiência absolutamente natural para esses consumidores”, afirma a diretora da GfK, Eliana Lemos.